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Ministério Público investiga conselho médico, que questiona vacina infantil da covid

Entidade reacionária e negacionista, Conselho Federal de Medicina (CFM) tentou influenciar opinião de médicos sobre obrigatoriedade de vacina infantil da covid

Arquivo/CFM
Arquivo/CFM
O presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo, com o então presidente Jair Bolsonaro (PL)

São Paulo – O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo instaurou inquérito para apurar as razões de o Conselho Federal de Medicina (CFM) ter iniciado uma consulta sobre a opinião dos médicos sobre a obrigatoriedade da vacina infantil contra covid em crianças de 6 meses a 4 anos. Entre as perguntas feitas pela entidade no formulário, uma chamou a atenção: “os pais e responsáveis têm o direito de não optar pela imunização de suas crianças?”.

A iniciativa da entidade médica elitista e reacionária, que passou a mostrar o seu lado negacionista da ciência, repercutiu mal. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) apresentou dados positivos sobre a vacina para essa faixa etária em nota técnica e criticou a pesquisa do CFM. “Equiparar crenças pessoais à ciência pode gerar insegurança na comunidade médica e afastar a população das salas de vacinação”, disse a SBIm em um trecho da nota. 

O CFM tentou se defender. Alegou que “a pesquisa não contesta a eficácia ou a decisão do Ministério da Saúde de disponibilizar a vacina para a população infantil”. E que o objetivo seria de “compreender a visão dos médicos, como profissionais capacitados a manifestar opiniões embasadas em conhecimento técnico-científico, sobre a obrigação imposta aos pais para que as crianças nessa faixa etária sejam vacinadas contra covid-19, independentemente de prescrição médica”.

CFM, negacionismo e a vacina infantil

A deputada federal Luciene Cavalcante (Psol-SP) ingressou então com representação junto ao MPF. Para ela, a pesquisa tem caráter político e pessoal da parte do presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo. “É uma atitude contrária a qualquer preceito dito científico, e principalmente, uma ação contra a população! Colocando em risco a vida de nossas crianças. Um absurdo. Até porque já vimos o resultado do negacionismo por figuras e órgãos de autoridade no nosso país: mais de 700 mil mortos. Não admitiremos que isso siga se espraiando pelo Brasil”, disse a parlamentar.

Durante a pandemia, o presidente do CFM esteve envolvido em diferentes movimentos de aceno ao então presidente Jair Bolsonaro (PL). E chegou a notificar a Anvisa contra a obrigatoriedade no uso de máscaras. E defendeu a autonomia dos médicos para prescrever a cloroquina, medicamento sem efeito comprovado no tratamento da doença.

Por enquanto, a investigação do MPF é interna e preliminar. Mas dependendo do andamento, o procurador pode ampliar para um processo formal. 

Muitos médicos não gostaram da pesquisa do CFM. Confira algumas opiniões:

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Redação: Cida de Oliveira