São Paulo – O Ministério da Saúde anunciou hoje (18) a ampliação da faixa etária das meninas que passarão a ser vacinadas gratuitamente contra quatro tipos do vírus do papiloma humano (HPV). No próximo ano serão vacinadas aquelas com idades entre 11 e 13 anos e, em 2015, as pré-adolescentes com 9 a 11 anos. Os tipos 6, 11, 16 e 18 estão entre os maiores causadores de câncer do colo de útero. Os mais letais são os de número 16 e 18, responsáveis por 70% de todos os casos da doença que todo ano mata 270 mil mulheres em todo o mundo. No Brasil, só em 2011, morreram 5.160 mulheres. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados 17.540 novos casos em 2013.

O anúncio foi feito em Brasília, pelo secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, durante comemoração dos 40 anos do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

A vacinação, que será feita mediante autorização dos pais, consiste em uma dose inicial, a partir de março, e outra após seis meses. São necessárias duas doses para a  imunização. O reforço será dado cinco anos depois da dose inicial.

• HPV, o inimigo íntimo

A inclusão da vacina no calendário oficial foi anunciada em julho passado, com a previsão de imunizar meninas de 10 e 11 anos. No entanto, segundo o próprio ministério, estudos publicados recentemente comprovam a eficácia da vacinação nessa faixa etária estendida, medida recomendada pela Organização Pan Americana de Saúde (OPAS). O esquema de imunização já é adotado no Canadá, México, Colômbia, Chile e Suíça.

A ampliação visa alcançar a população-alvo formada por meninas de 9 a 13 anos. A meta do governo brasileiro é imunizar 80% desse público-alvo, que reúne 5,2 milhões de meninas.

De acordo com Barbosa, o esquema vacinal tem duas grandes vantagens: a primeira é possibilitar a cobertura vacinal de forma rápida com a administração das duas doses; outro é o reforço cinco anos depois, prolongando o efeito protetor contra a doença. O ministério está investindo 360,7 milhões na aquisição de 12 milhões de doses.

A imunização será feita em postos de saúde e escolas públicas e privadas e será articulada com outras ações preventivas do câncer de colo do útero, como o exame de Papanicolau e o uso de camisinha em todas as relações sexuais.

A inclusão da vacina no SUS é fruto de parceria entre o MS, o laboratório internacional Merck Sharp & Dohme (MSD) e o Instituto Butantan, que passará a fabricar o produto no Brasil. Segundo o ministério, a economia estimada na compra da vacina durante o período de transferência de tecnologia é de R$ 154 milhões.

O Ministério da Saúde orienta que mulheres na faixa etária dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo, o Papanicolau, anualmente. Em 2012, foram realizados 11 milhões de exames no SUS, o que representou investimento de R$ 72,6 milhões. Do total, 78% foram na faixa etária prioritária. No ano passado, o investimento no atendimento e expansão dos serviços para tratamento de câncer na rede pública de saúde foi de R$ 2,4 bilhões, 26% maior que em 2010.