Mobilização permanente

Sem acordo com o governo de Ricardo Nunes, médicos de São Paulo protestam em frente à prefeitura

Ato está marcado para 15h desta quarta (19) e contará com apoio de outras categorias. Greve foi suspensa pelo sindicato após concessão de liminar que proibiu a paralisação

Rovena Rosa/EBC
Rovena Rosa/EBC
O anúncio de contratação da prefeitura, segundo o presidente do Simesp, "é tão insuficiente e pequeno que não repõe sequer o número de profissionais afastados (pela covid)", critica

São Paulo – Médicos e médicas da atenção primária à saúde, que atendem nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de São Paulo, protestam nesta quarta-feira (19), às 15h, em frente à prefeitura de São Paulo, no Viaduto do Chá, região central da capital paulista. O ato visa chamar atenção do governo Ricardo Nunes (MDB) e da secretaria municipal de Saúde para as demandas dos profissionais, que reivindicam a contratação de mais equipes de saúde e condições mínimas de trabalho.

De acordo com os médicos e médicas, os profissionais de saúde estão sofrendo de exaustão diante do desfalque nas equipes provocado pela disparada de casos de covid-19 e de gripe e pelo afastamento de colegas infectados, o que também vem dificultando o atendimento à população.

Além do protesto, a categoria faria uma greve nesta quarta. Mas o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) decidiu suspender, em assembleia, a paralisação na noite desta terça (18) após uma liminar concedida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) proibir a greve. A decisão do magistrado atendeu a uma ação da prefeitura, por meio da secretaria de Saúde, considerada pela entidades do trabalhadores “arbitrária e um cerceamento ao direito de greve”. 

Prefeitura não tem plano

Segundo o presidente do Simesp, Victor Vilela Dourado, tanto a paralisação como o protesto são uma resposta à falta de resolução das demandas apresentadas ao poder público e às organizações sociais responsáveis pela administração da UBSs. Ele afirma que, ao longo de 2021, o sindicato tentou dialogar diversas vezes com o governo Nunes e as entidades sobre as dificuldades enfrentadas pelos médicos e médicas da atenção primária no enfrentamento à pandemia.

Em meados de dezembro, conforme destaca Dourado, com a explosão de casos de síndromes respiratórias, a procura pelas unidades de saúde aumentou. Ao passo que muitos profissionais foram afastados após contaminação pela covid ou influenza. Até hoje, contudo, as medidas apresentadas pela secretaria de Saúde não são suficientes para lidar com o cenário. Na segunda, a categoria aguardava uma acordo com a prefeitura, o que também não se concretizou. 

“Nos reunimos com a secretaria de Saúde ontem (segunda) exatamente para ver quais são as medidas efetivas que estão sendo feitas para a contratação, ampliação das equipes e criação de novas unidades para atender esse aumento da demanda espontâneo. Só que, infelizmente, o que a prefeitura iniciou não tem nenhuma contratação nas Unidades Básicas de Saúde”, apontou à repórter Júlia Pereira, da Rádio Brasil Atual. “Inclusive a declaração deles, talvez até intencionalmente, cria uma confusão. O que eles anunciaram de contratações são contratações na AMAs, que são as unidades de pronto atendimento de baixa complexidade, que a gente tem nos municípios, e não nas UBSs. Claro que é muito necessária a contratação nas AMAs também, mas a demanda que estamos colocando é com relação às Unidades Básicas de Saúde que estão sobrecarregadas” completou.

Enfermeiros também denunciam exaustão 

De acordo com o presidente do Simesp, o anúncio de contratação “é tão insuficiente e pequeno que não repõe sequer o número de profissionais afastados”. “Eles afirmam na nota que tinham contratado 700 profissionais no total, destes, 140 eram médicos. Mas a quantidade de profissionais afastados, isso no dia 13, semana passada, segundo a secretaria de Saúde mesmo, é de 3.190. E não há um plano de contingência para conseguir repor os profissionais que foram afastados por conta da covid para garantir o atendimento da população. Nós já somos em poucos, a demanda aumentou e além disso os profissionais estão adoecidos. Fica difícil manter o mínimo de atendimento à população”, ressaltou Dourado. 

A manifestação desta quarta também contará com o apoio de outras categorias, como a dos profissionais da enfermagem. A primeira secretaria-geral do Sindicato dos Enfermeiros do estado de São Paulo, Solange Aparecida Caetano, explica que os trabalhadores têm enfrentado um cenário semelhante aos dos médicos e médicas, de exaustão, sobrecarga e equipes desfalcadas

Por conta disso, além da presença confirmada no ato, o sindicato realizará uma assembleia virtual nesta manhã para discutir as condições de trabalho, as estratégias de mobilização e uma possível paralisação da categoria que atende na rede municipal. 

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