Déficit

Gestores da Saúde se reúnem em São Paulo para aderir ao Mais Médicos

Estado tem 47 municípios na lista das áreas prioritárias do Ministério da Saúde; 30 deles estão na região metropolitana, como a própria capital paulista, onde faltam cerca de 3 mil médicos

Facebook/Cosems-SP

Secretários de saúde têm até o próximo dia 25 para aderir ao Mais Médicos

São Paulo – Secretários e demais gestores da saúde de municípios paulistas e técnicos do Ministério da Saúde estiveram reunidos hoje (23) em São Paulo em oficina sobre o Programa Mais Médicos. Encontros como esse estão sendo realizados em todas as unidades da federação para informar os detalhes do funcionamento do programa. As prefeituras têm até a próxima quinta-feira (25) para se inscrever.

Entre os presentes estavam representantes de diversas localidades paulistas, desde aquelas que enfrentam a falta de médicos, como Mombuca e Santa Maria da Serra, na região de Piracicaba, até aquelas em que, apesar de não haver déficit, é grande a dificuldade para contratar um profissional quando surge uma vaga, como Espírito Santo do Pinhal, na região de Campinas. Até mesmo cidades como a rica São Caetano do Sul, no ABC paulista – onde não há carência desses profissionais, segundo garantiu uma gestora –, aproveitaram a oportunidade de obter mais informações sobre o programa que tem como objetivo principal reduzir o déficit de médicos nas pequenas cidades do interior do país e também das periferias dos grandes centros.

O secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Odorico Monteiro, explicou os principais pontos do programa, como a política emergencial de contratação dos médicos, os investimentos na infraestrutura do sistema público e na abertura de vagas em novos cursos a serem criados, que permitirão que em 2026 o país tenha 2,7 médico por mil habitantes, como é hoje na Inglaterra. E ressaltou a prerrogativa do governo na regulação do trabalho médico no país. “A Constituição determina que é responsabilidade do Sistema Único de Saúde organizar e regular os recursos humanos para a saúde”.

Estado mais rico da federação, São Paulo tem 47 municípios na lista das 1.582 áreas prioritárias do Ministério da Saúde para receber médicos brasileiros e estrangeiros, se preciso for, contratados pelo Mais Médicos. Desse total, 30 estão na região metropolitana, como a própria capital paulista, onde faltam cerca de 3 mil médicos, além de Osasco, Guarulhos, Carapicuíba, Cotia e Franco da Rocha.

“Até quatro meses atrás, não tínhamos sequer pediatra. Agora temos um, além de um ginecologista, um clínico e um cardiologista locado num serviço terceirizado. Mesmo assim, estamos bem abaixo da média nacional”, disse o secretário de Saúde de Mombuca, o médico boliviano Freddy Sanchez. O município, a 150 quilômetros da capital, tem 4 mil habitantes. Todo ano, 2.200 deles recorrem à Santa Casa de Capivari, distante 12 quilômetros, para se tratar. Segundo ele, se a cidade tivesse mais médicos para a atenção básica, como clínico geral e pediatra, poderia prevenir e resolver 80% dos problemas de saúde e não teria de sobrecarregar ainda mais o hospital da cidade vizinha.

“Não há a ilusão de que o Programa Mais Médicos resolva todos os problemas da saúde, que são muitos, mas é o encaminhamento para a solução de um dos mais sérios deles”, disse o vice-presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de Saulo (Cosems-SP) e gestor em Bauru, Fernando Monte. “A população sofre com a falta de médicos, mas nós, secretários, sentimos na pele a dificuldade que é preencher uma vaga no posto de saúde, no hospital.”

Segundo o Ministério da Saúde, até o próximo ano serão investidos R$ 15 bilhões. Metade desse montante  já está contratado para a construção de 818 hospitais, 877 Unidades de Pronto Atendimento (UPAS 24 horas) e 16 mil unidades básicas. Serão investidos R$ 5,5 bilhões na construção, reforma e ampliação de unidades básicas e UPAS, além de R$ 2 bilhões para 14 hospitais universitários.

No estado de São Paulo já foram investidos R$ 297 milhões para obras em 1.491 unidades de saúde e R$ 6 milhões na aquisição de equipamentos para 924 unidades. Foram investidos ainda R$ 204 milhões na construção de 118 UPAS e R$ 147 milhões na reforma e construção de 147 hospitais.

Críticas

O programa enfrenta duras críticas das entidades médicas e faculdades. Entre os pontos mais questionados pelos conselhos e federações desses profissionais estão a contratação de médicos estrangeiros ou brasileiros formados no exterior sem a revalidação de seus diplomas e mudanças no currículo da formação médica. Pela proposta do governo federal, a graduação passaria a ter mais dois anos, período que o estudante será obrigado a trabalhar no sistema público para ter seu diploma.

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