Exames de carga viral em pacientes com Aids são limitados no país

Gestantes e crianças terão prioridade. Ministério estabeleceu teste em tempo real, mas licitação para compra de reagentes foi embargada

São Paulo – Por falta de kits para teste de carga viral de HIV, o Ministério da Saúde decidiu limitar os exames. Nas últimas semanas, pacientes e movimentos ligados à luta contra Aids denunciaram a falta de reagentes e a demora na realização dos testes. 

Por ano, 70 mil exames são realizados no país. O teste permite verificar os resultados do tratamento em pacientes com Aids (pessoas portadoras do vírus com sintomas da doença). No país, há 80 instituições capacitadas para fazer o exame de carga viral.

Os estoques estão rebaixados por problemas em uma licitação realizada em maio para compra de tecnologia mais ágil e moderna. Junto do processo, o governo determinou a realização do teste em tempo real. Como o resultado do edital foi contestado por empresas participantes, os serviços de saúde ficaram desprovidos de material para realizar o exame.

No início de julho, o ministério já havia divulgado nota técnica para criar dois grupos prioritários de teste – gestantes e crianças de até quatro anos. Nos segmentos, a carga viral interfere no parto e no tratamento precoce. O sangue coletado dos demais pacientes seria congelado para análise posterior, quando os estoques forem regularizados.

No caso dos demais pacientes em tratamento, com carga viral estável ou com exame marcado, a recomendação é colher e congelar as amostras de sangue para que sejam testadas quando o fornecimento estiver normalizado. Segundoo diretor do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais, o infectologista Dirceu Greco, isso não deve atrapalhar o tratamento, mas é um transtorno para os pacientes.

A previsão dele é que os exames atrasem em um ou dois meses. Ele reconhece que se trata de um transtorno para os pacientes, mas acredita que isso não deve atrapalhar o tratamento.

Havia relatos de que em laboratórios públicos em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife a prática de congelar amostras vinha sendo realizada desde o início do mês. Uma compra emergencial foi providenciada para abastecer os laboratórios por seis meses. Os kits importados devem chegar no início de agosto. 

Com informações da Agência Brasil