Zika, dengue e chikungunya

Combate ao Aedes deve prevalecer mesmo com a vacina, diz presidente do Conasems

Para Mauro Junqueira, do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, a mobilização da população é mais efetiva do que um imunizante: 80% dos criadouros estão nas casas

Divulgação/Conasems

A exemplo de outros municípios, São Lourenço (MG) fez faxina nas dependências dos prédios públicos para eliminar criadouros do Aedes

São Paulo – O presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira, afirmou hoje (10) que a mobilização da população contra o Aedes aegipty pode ser mais efetiva que uma vacina para prevenir a infecção pelos vírus zika, da dengue e da febre chikungunya, todos transmitidos pelo mesmo mosquito.

“A vacina é bem-vinda, mas preocupa o fato de vir a se tornar uma falsa proteção. Ou seja, a população vir a descuidar do combate ao mosquito e seus criadouros”, ressaltou Junqueira, que é secretário municipal de Saúde em São Lourenço (MG).

Como comparação, ele mencionou o recrudescimento dos casos de aids devido ao relaxamento da população com os cuidados preventivos, como uso de preservativos, após o advento de coquetéis de medicamentos que permitem ao soropositivo conviver com o vírus HIV por longo tempo e com qualidade de vida.

A participação da população na eliminação de focos do mosquito é fundamental, conforme destacou Junqueira, porque 80% dos criadouros do mosquito estão dentro das casas – todas elas, independente da localização e da classe social do morador. “No último dia 4, o Conasems mobilizou as secretarias de Saúde no combate a criadouros nos prédios públicos, para mostrar à sociedade que é preciso que todos façam a sua parte. E esse trabalho tem de ser permanente”, disse.

O presidente do Conasems concorda que o combate ao mosquito depende de medidas estruturais, como investimentos na qualidade de vida nos centros urbanos, no saneamento básico, gestão do lixo e acesso da população ao abastecimento regular de água – evitando assim o armazenamento de forma inadequada. Porém, destaca o momento de emergência:

“Temos de começar investindo na educação da população, no preparo da classe política. É um processo de construção. No momento, infelizmente, precisamos apagar incêndio. O risco é muito grande. São 4 mil casos de microcefalia, 10% deles relacionados ao zika confirmados. E os outros 90%? Precisamos de testes, de vacina, mas precisamos também envolver a população.”

Em janeiro, o Ministério da Saúde deu largada à corrida pela descoberta de uma vacina capaz de impedir a infecção pelo vírus zika. O ministro Marcelo Castro visitou os institutos Butantan, o de Tecnologia Bio-Manguinhos, vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Evandro Chagas, no Pará, também federal, em busca de parcerias, inclusive com a participação de institutos e laboratórios estrangeiros.

Na semana passada, a presidenta Dilma Rousseff anunciou contatos com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para a discussão de apoio para pesquisas. As conversações integram um pacote de medidas contra o zika, que inclui ainda a participação das forças armadas em ações de combate a criadouros e conscientização da população em todas as capitais, grandes centros e localidades com grande infestação no chamado dia de mobilização no próximo dia 13.