Negacionismo persistente

Bolsonaro mente sobre mortalidade da covid entre jovens no Brasil

Para voltar a criticar vacinação, presidente insinuou que menos de 0,1% dos jovens brasileiros contaminados morrem, no país que é o segundo do mundo em óbitos nesta faixa etária

Alan Santos/PR
Alan Santos/PR
Negacionista Bolsonaro afronta a realidade mais uma vez. O Brasil é o segundo país do mundo com maior número de mortos por covid de jovens abaixo de 20 anos

São Paulo –  Em mais um episódio em sua persistência negacionista, fake news e desinformação sobre a pandemia de covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro mentiu sobre os índices de mortalidade de jovens vitimados pela pandemia, durante evento do Ministério do Trabalho no Palácio do Planalto.

Em seu discurso, o presidente questionou a aplicação de vacinas para esta faixa da população. Primeiro ironizou: “o número de pessoas que morrem por covid abaixo de 20 anos está… hein, Queiroga? 99,99 (por cento) e alguma coisa, não é isso, Queiroga?”. “Então por que vacina? Meu deus do céu. É um negócio?… Politicamente não é bom falar. Perde voto, perde simpatia. Vão te chamar de negacionista, terraplanista (…) Quase o mundo todo vive na hipocrisia”, completou.

Bolsonaro, mais uma vez, afronta a realidade. O Brasil é o segundo país do mundo com maior número de mortes de jovens abaixo de 20 anos por covid-19. Esse grupo populacional estão entre os mais expostos, já que são os que mais intensamente interagem socialmente, além de serem a maior presença em salas de aula. A vacina, portanto, é essencial também para frear o desenvolvimento de sintomas graves em caso de contágio. Com o vírus ainda circulando, pessoas mais vulneráveis seguem em grande risco.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está entre as comunidades científicas que recomenda 80% da população totalmente vacinada com duas doses para suprimir o vírus e declarar o surto sob controle. Alguns países falam em proporções ainda maiores, como a Alemanha. Estes percentuais populacionais só são alcançáveis com os jovens incluídos.

No dia em que Bolsonaro deu mais um passo em sua retórica anti-ciência, que pode levá-lo a responder por vários inquéritos, o Brasil segue rumo a ultrapassar a marca de 600 mil mortos por covid.

Tragédia diária

Segundo boletim emitido hoje pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), foram registrados mais 451 mortos por covid no Brasil, totalizando 599.810 desde o início do surto, em março de 2020. Também foram notificados 15.726 novos casos, totalizando 21.523.558 de infectados. Apesar dos patamares ainda elevados de óbitos e casos diários, o combate à pandemia progride, graças à vacinação e apesar do presidente.

Em 2021, o Brasil é o país com mais mortes por covid-19 no mundo. A condução do país frente à crise sanitária é apontada como desastrosa. Sozinho, o país responde por 12% dos óbitos pela infecção no mundo – 600 mil mortos de um total de cerca de 5 milhões em quase 200 países. Sem contar com ampla subnotificação. Considerando a partir de retificações nos números já feitas em diversos estados, o Brasil já pode ter superado as 700 mil mortes por covid, de acordo com projeções da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass)


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