NOVA ONDA

Estudo antecipa nível de contágio em 15 dias. ‘Risco de novo colapso’, alerta cientista

Dados indicam que perspectiva para as próximas semanas não é boa, frente a aumento atual de casos sintomáticos

Joel Rodrigues/Agência Brasília
Joel Rodrigues/Agência Brasília
O especialista em dados critica a falta de políticas de restrições de circulação e, segundo ele, os governos agem errado ao se basearam nas ocupações de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)

São Paulo – Um estudo feito pela Universidade de Maryland, dos Estados Unidos, em parceria com o Facebook, compilou dados de usuários da rede social, por meio de pesquisas na própria rede, e pode antecipar o nível de contágio para as próximas semanas.

No estudo, através de seus perfis no Facebook, usuários responderam uma pesquisa que questiona se eles têm sintomas semelhantes aos da covid-19. O cientista de dados e coordenador na Rede de Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, explica que cruzou as informações referentes ao Brasil, comparando com os registros do Ministério da Saúde, e percebeu uma alta taxa de acerto, capaz de antecipar o cenário da crise sanitária em 15 dias antes do que mostrarão os boletins oficiais.

“A gente sabe que os dados oficiais têm atraso de notificação, já que as pessoas demoraram para serem testadas, e os testes demoram para entrar no sistema. Nessa pesquisa, a universidade usa o Facebook para fazer uma pesquisa sobre os sintomas que as pessoas sentiam para comparar com os dados oficiais. E a pesquisa mostra que, 15 dias depois dos dados do Facebook, esses resultados começam a aparecer nos dados oficiais”, explicou ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.

De acordo com Isaac, a perspectiva para as próximas duas semanas não é boa e os dados mostram a proximidade de uma nova onda potencialmente mais grave no país. “A pesquisa atual mostra que o número de pessoas sintomáticas está crescendo. Consecutivamente, cresce o número de internações e óbitos. E o aumento de pessoas com sintomas é muito forte”, afirmou ele.

Terceira onda

O próprio Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) publicou o estudo sobre o contágio para alertar a possível terceira onda. Os dados da entidade mostram que o Brasil registrou, entre sábado (29) e domingo (30), 874 óbitos causados pela covid-19 e mais 43.520 novos casos da doença em 24 horas.

Ao analisar os dados do Conass somado ao estudo norte-americano, Isaac afirma que a atual média móvel de 65 mil casos diários pode dobrar, pois há uma soma de fatores perigosos. “O percentual pequeno de pessoas vacinadas, muitos casos ativos de covid-19, a mobilidade alta de pessoas e a chegada do inverno. Os hospitais ainda não se recuperaram do colapso de março, com poucas vagas para novos infectados, portanto, um aumento da pressão sobre os hospitais criará um novo colapso”, alertou.

O especialista em dados critica a falta de políticas de restrições de circulação e, segundo ele, os governos agem errado ao se basearam nas ocupações de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). “A gente tem 80% dos leitos, mas os leitos estão extremamente ampliados. Em São Paulo, por exemplo, temos quase 11 mil pessoas internadas, mas a França chegou a 6 mil leitos. Isso se dá porque o governo tá ampliando muito a estrutura, e isso não controla a pandemia. Os hospitais não deveriam ser indicadores de controle, pois são medidas emergenciais”, finalizou.


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