São Paulo – Psicólogas e psicanalistas se uniram para oferecer atendimento aos profissionais que estão na linha de frente do combate à pandemia de coronavírus. O projeto Escuta Aberta dá apoio não apenas a médicos e enfermeiros, mas também aos socorristas, profissionais de limpeza, assistentes sociais e agentes funerários, que também fazem parte do esforço.

A psicanalista Celina Diaféria, mestra em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), diz que “medo” e “culpa” são os principais sentimentos observados nesses atendimento. Esses profissionais temem tanto o risco de se contaminarem, como de servirem como transmissores da doença. E se culpam por não conseguirem fazerem mais para salvar vidas.

“Diante de um vírus, sentimos nossas defesas caírem. A gente se sente impotente e limitado nos nossos recursos psíquicos. Essa escuta, primeiro de tudo, serve para possibilitar que as pessoas falem desse sofrimento. O sofrimento, quando é compartilhado, se transforma”, afirmou Celina à jornalista Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (15).

Também participa do esforço a psicanalista Rachele Ferrari. As duas integram o Laboratório Interinstitucional de Estudos da intersubjetividade e Psicanalise Contemporânea (Lipsic), que reúne profissionais da PUC-SP e da Universidade de São Paulo (USP). Ela relata que a mudança “abrupta e radical” imposta pela pandemia é causadora de uma “tensão muito grande”. Essas angústias são vividas de maneira ainda mais intensa pelos profissionais de saúde.

Ela diz que a perda de pacientes por falta de acesso a respiradores é uma “experiência catastrófica” para os envolvidos no esforço de combate. Além da ansiedade causada pelo receio de contaminar os entes queridos, médicos e enfermeiros ainda têm de lidar com o “rechaço” de muitas pessoas, que temem se aproximar.

O atendimento do Escuta Aberta pode ser pontual ou continuado. O agendamento deve ser feito por meio do e-mail escutaaberta@gmail.com.

Assista à entrevista: