Censura

Médico critica omissão de dados sobre coronavírus: ‘Bolsonaro esconde a verdade’

Ministério da Saúde tem escondido casos totais de covid-19 no país e publicado balanço com atraso

Isac Nóbrega/PR
Isac Nóbrega/PR
Médico sanitarista afirma ainda que o Brasil 'navega sem rumo' e sem especialistas no Ministério da Saúde. No próximo dia 15, o governo completa um mês sem ministro na pasta

São Paulo – Enquanto o número de óbitos provocados pelo novo coronavírus cresce a cada dia, o presidente Jair Bolsonaro busca confundir a população ao sonegar os dados. Para o médico sanitarista e pesquisador da Fiocruz Cláudio Maierovitch, o objetivo do governo é “esconder a verdade”.

Neste domingo (7), o Ministério da Saúde divulgou um primeiro balanço, afirmando que 1.382 mortes por covid-19 haviam sido registradas nas últimas 24 horas. Entretanto, uma hora depois, o governo informou que o número de óbitos confirmados era de 525 – uma diferença de 857 vítimas.

Para o especialista da Fundação Oswaldo Cruz, o elemento fundamental para enfrentar uma epidemia é a informação rápida e transparente. “O governo federal está empenhado em trazer confusão nas informações. Já havia um formato que permitia acompanhar os casos diários. Os atuais dados contrariam o que o presidente vem falando há meses, de que é só uma gripe, então ele vai esconder a verdade”, criticou, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

Com a desinformação usada como estratégia pelo governo, a subnotificação de casos deve crescer ainda mais. Maierovitch afirma ainda que o Brasil “navega sem rumo” e sem especialistas no Ministério da Saúde. No próximo dia 15, o governo completa um mês sem ministro na pasta.

“O Brasil tem longa experiência enfrentando pandemias, com equipes bem formadas e especializadas na saúde pública. É diferente do comando militar, que sabe enfrentar o inimigo armado, mas não sabe o que é uma emergência de saúde. Quando o mundo mais precisa da força dos cientistas, isso desapareceu no Brasil”, lamentou o médico, sobre a presença de 25 militares na linha de frente do ministério.

A omissão dos dados sobre o coronavírus e o pico da pandemia

Em recente artigo publicado, Cláudio Maierovitch havia falado sobre a expectativa da população em relação ao “pico do coronavírus”, momento em que a curva natural da doença atinge um limite e começa a cair. Para o especialista, a projeção de um número máximo de casos, no Brasil, é difícil de ser feita já que não há um planejamento do governo federal para reduzir o número de infecções.

“O Brasil transformou a crise economia mundial em ‘marolinha’, porque houve preparo. Se a fizéssemos tudo direito aqui, teríamos uma marola dessa crise sanitária. Como fizemos tudo errado, vamos ter um tsunami, que vai varrer tudo”, explicou.


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