demissão de Mandetta

Conselho Nacional de Saúde e Oxfam criticam troca: irresponsabilidade

Entidades alertam: caso haja flexibilização do distanciamento social neste período, poderá haver aumento exponencial em número de óbitos pela disseminação do coronavírus

Arquivo/ABR
Arquivo/ABR
Com a demissão de Mandetta o governo sobrepõe o discurso econômico diante da vida da população, no momento em que se aprofundam as contradições da sociedade já marcada pela desigualdade

São Paulo – O Conselho Nacional de Saúde (CNS) e a Oxfam Brasil divulgaram notas em que expressam preocupação com a troca de comando no Ministério da Saúde em um momento crucial da gestão da crise da saúde pública provocada pela pandemia da covid-19.

Constituído por representantes de todos os setores da sociedade, o CNS considera “irresponsável” a decisão do governo federal de demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta quinta-feira (16), quando o cenário aponta para o aumento no número de infectados e de mortos no país.

“A decisão reafirma que o governo sobrepõe o discurso econômico diante da vida da população, no momento em que se aprofundam as contradições da sociedade já marcada pela desigualdade e pela exploração humana, em especial para as populações mais vulnerabilizadas, que podem ter aumento exponencial em número de óbitos por serem as que mais sofrem os efeitos desta conjuntura”, destaca o Conselho. 

Os integrantes do colegiado se comprometem a seguir exigindo coerência do Ministério da Saúde segundo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos órgãos de defesa dos direitos humanos, reafirmando a necessidade das medidas de isolamento, valorizando a ciência, a pesquisa clínica e social baseada na determinação social do processo saúde-doença. 

Clique aqui para ler a nota do Conselho Nacional de Saúde na íntegra.

Apreensão

Conforme nota – clique aqui e leia na íntegra –, a organização Oxfam Brasil vê com muita apreensão a sinalização de mudanças de rota nas medidas e políticas de saúde que vem sendo colocadas em prática.

“A decisão do governo em demitir o ministro da Saúde contraria mais de 70% população que aprova as políticas do necessário distanciamento social adotadas pelo Ministério da Saúde até agora. Todo os países que flexibilizaram as políticas de distanciamento social indicadas para o enfrentamento da crise do coronavírus covid-19 agora já admitem o erro, ao verem seus índices de contaminação e mortes aumentarem aceleradamente. O risco de mudar a linha de atuação na crise atual vai na contramão do que vem sendo feito em todo o mundo em consonância com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

A diretora-executiva da organização no Brasil, Katia Maia, destaca o fato de o Brasil ser um dos países mais desiguais do mundo, com altos índices de pobreza e desproteção social.

“Uma mudança na política atual do Ministério da Saúde pode trazer terríveis consequências para a maioria da população, colocando em risco a vida de milhões de pessoas e também o próprio Sistema Único de Saúde (SUS). A falsa contradição entre distanciamento social e economia precisa ser desfeita. O governo precisa assumir a sua responsabilidade e garantir o apoio econômico necessário para que a população possa ficar em casa. Infelizmente não temos um líder na presidência do nosso país.”


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