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Coronavírus: Brasil tem primeiro caso confirmado. Saiba o que fazer

Homem de 61 anos vindo da Itália manifestou sintomas de coronavírus dois dias depois de chegar ao Brasil e exame deu positivo

Reprodução/EBC
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Coronavírus chegou ao Brasil no último sábado. Na China são 77 mil casos, com 2.600 mortes

São Paulo – O primeiro caso de infecção por coronavírus no Brasil foi confirmado hoje (26), após exames realizados pelo Instituto Adolfo Lutz. Trata-se de um homem de 61 anos que voltou de viagem à região da Lombardia, na Itália, local com maior número de casos naquele país. Ele chegou a São Paulo em um voo no sábado (22) e procurou o Hospital Albert Einstein na segunda-feira (24), após apresentar sintomas. Segundo o hospital, “o paciente encontra-se em bom estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo em isolamento respiratório que será mantido durante os próximos 14 dias”. Por ser considerado um quadro leve, ele vai ficar em quarentena em casa.

A médica infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia Nancy Bellei explicou que o Hospital Albert Einstein tem protocolo para esse tipo de atendimento e a conduta é semelhante à adotada em outros países. “Mais da metade dos casos na região da Lombardia, de onde veio este paciente, estão nos domicílios. Nos Estados Unidos também. Ele foi dispensado com orientação médica e orientação para os seus familiares. E a equipe divulgou que está em contato com esse paciente. Dispensar o paciente para casa vai depender da avaliação do serviço. Depende da condição do paciente, da possibilidade de vigilância, do entendimento e da colaboração do paciente e seus familiares”, explicou, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.

Nancy ressaltou que é possível que haja transmissão do vírus deste paciente para outras pessoas, já que o risco para os passageiros que voavam com ele depende da classe de voo, pois alguns têm menor concentração de pessoas, e da localização do passageiro infectado. “O conceito que nós temos vem do Influenza. Para esse vírus respiratório considera-se um risco maior duas fileiras para a frente, duas para trás e eventualmente dos lados. Esse seria o caso de um paciente sintomático. Nós não conhecemos ainda o sistema de transmissão de pacientes assintomáticos. É possível que transmitam, mas o quanto a gente não sabe”, disse.

O Brasil é o primeiro país da América Latina com um caso confirmado de coronavírus, que já contaminou mais de 80 mil pessoas e matou 2.708 pessoas no mundo. Além do caso confirmado em São Paulo, o Ministério da Saúde monitora outras duas pessoas, uma em Pernambuco e outra no Espírito Santo, ambas vindas de viagem à Itália. No país, ocorreram 320 casos de infecção e 11 pessoas morreram. Já os brasileiros que vieram de Wuhan, região onde a epidemia começou, foram liberados no final de semana, após 18 dias de isolamento, sem nenhum indício de contaminação.

O que fazer?

As condições para se considerar um caso suspeito de coronavírus foram estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Além de febre, é preciso apresentar algum sintoma respiratório e histórico de viagem ou contato com uma pessoa que viajou a uma região com casos confirmados de coronavírus. Nesse caso, os serviços de saúde estão orientados a fazer exames para detecção do vírus.

Apesar da preocupação com a chegada do coronavírus ao país, a conduta para evitar a contaminação segue sendo a mesma indicada desde o início da epidemia, como no caso da gripe comum: lavar as mãos com frequência, evitar colocar a mão na boca, nos olhos ou coçar o nariz e tossir ou espirrar tapando o rosto com a parte interna do cotovelo e não com as mãos. As pessoas que apresentam maior risco são os grupos que também devem se prevenir de gripes e resfriados, como idosos, gestantes, pessoas transplantadas ou com câncer.

Também se destaca o baixo índice de letalidade do vírus, semelhante ao ocorrido com outros que tiveram grande proliferação, com mobilização mundial, mas não resultaram em uma grave crise global de saúde. Em 2002, a Sars – gripe aviária – se disseminou a partir da China, teve pouco mais de 8 mil casos confirmados e causou 774 mortes ao redor do mundo. Já em 2012, a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), que surgiu a partir da Arábia Saudita, causou 858 mortes.

O ex-ministro da Saúde e deputado federal Alexandre Padilha (PT) considera que o país está preparado para enfrentar o coronavírus, apesar do desmonte praticado pelo presidente Jair Bolsonaro. “Com os casos anteriores (Sars e Mers), o Brasil se preparou, tanto do ponto de vista da vigilância, quanto do ponto de serviços para cuidar das pessoas com problemas respiratórios. Apesar de todo o ataque e desmonte praticado pelo governo Bolsonaro, tem uma resiliência de capacidade técnica, de atendimento. O Brasil tem um corpo técnico e estruturas hospitalares para lidar com essa situação”, explicou.

Abaixo, orientações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, sobre o coronavírus:

• Coronavírus são conhecidos desde a década de 1960, eles têm esse nome devido ao seu aspecto que lembra uma coroa, visto em microscópio;

• A transmissão ocorre entre diversos animais. Eventualmente pode haver transmissão de animais para humanos, a depender da mudança no material genético do vírus (RNA);

• Até hoje 7 diferentes tipos de coronavírus foram confirmados como causa de infecções em seres humanos. A maioria das pessoas tem infecções por coronavírus na infância e a apresentação mais frequente lembra um resfriado simples ou uma gripe;

• Houve duas epidemias de impacto global por coronavírus, a Sars a partir de 2002 que se disseminou a partir da China, teve pouco mais de 8000 casos confirmados e causou 774 mortes ao redor do mundo. A Mers, que surgiu a partir da Arábia Saudita em 2012, e causou 858 mortes;

• O surto do novo coronavírus na China é certamente um problema de saúde pública, mas não deve ser motivo para desespero. Lembremos que o vírus da gripe, que se transmite de forma semelhante, mata anualmente de 290 mil a 640 mil pessoas por ano;

• Não há nenhum tratamento específico, como um antiviral, eficiente para coronavírus. Os pacientes recebem tratamentos sintomáticos. Nos casos graves, suporte com oferta de oxigênio e eventualmente cuidados intensivos;

• Não há vacina disponível;

• A transmissão pode se dar por contato com os animais infectados e, no caso do novo coronavírus, pode ser transmitida de pessoa a pessoa a partir de secreções respiratórias;

• A prevenção é semelhante a outras doenças de transmissão respiratória: lavar as mãos com frequência, evitar colocar as mãos nos olhos, nariz e boca, cobrir a boca ao tossir, ajuda a evitar a infecção;

• O surto atual causou 80 mil casos e 2.708 mortes até agora. Os casos se concentram na China e países vizinhos.

Ouça a entrevista da Rádio Brasil Atual