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Com Haddad, São Paulo dobra número de nascimentos em casas de parto

Em 2015, 337 mulheres deram à luz em casas de parto, contra 159 em 2012. Número de partos liderados por enfermeiras e obstetrizes aumentou e total de cortes no períneo foi reduzido na rede municipal

Nelson Antoine/FramePhoto/Folhapress

Haddad: “A lei que garante a presença de doulas nos hospitais tem tudo a ver com visão de cidade que queremos”

São Paulo – O número de mulheres que deram à luz em casas de parto de São Paulo mais que dobrou desde o início da gestão de Fernando Haddad, por conta de políticas da prefeitura para incentivar o parto normal e humanizado. Em 2015, 337 mulheres deram à luz em casas de parto, contra 159 em 2012, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, apresentados hoje (23) na cerimônia de sanção da lei municipal que assegura a presença de doulas em hospitais municipais e particulares da cidade.

Neste ano, o número de nascimentos em casas de parto deve passar dos 400, segundo estimativas da prefeitura. Em 2017 a expectativa é ultrapassar os 500. Um dos principais divisores de água para aumentar o número de mulheres que dão à luz em casas de parto, segundo o secretário de Saúde, Alexandre Padilha, foi o convênio da prefeitura com a Casa Angela, firmado em janeiro último, que passou a atender pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde o pré-natal até o acompanhamento da mãe e do bebê durante o primeiro ano.

O número de partos liderados por enfermeiras e obstetrizes na rede municipal de saúde também aumentou. Nos primeiros anos da gestão de Fernando Haddad, 60% dos partos eram comandados por essas profissionais. Em 2015 o total chegou a 72%. Nos hospitais da rede estadual o percentual permaneceu em 60%. “Com as doulas o número tende a aumentar porque haverá mais pessoas para atender a mulher e para reivindicar que o parto seja humanizado”, disse Padilha, aplaudido por doulas, mães e militantes de movimentos feministas que participavam da cerimônia.

Durante a gestão Hadadd a maioria dos partos do município foi realizada em hospitais municipais, contrariando o histórico da cidade, que concentrava os nascimentos nos hospitais estaduais. Em 2011 foram 43 mil partos na rede de saúde do estado contra 38 mil em equipamentos do município. Já em 2015 os dados se inverteram: foram 43 mil partos em hospitais municipais contra 39 mil em estaduais. “Quem ganhou foram as mulheres que puderam escolher maternidades com procedimentos para partos mais adequados”, afirmou Padilha.

Na cidade, o total de episiotomia (corte no períneo realizado em alguns partos) também caiu. Em 2014, 14% das mulheres passavam pelo procedimento durante o parto. Já em 2016 foram apenas 8%. Entre as mães de primeira viagem, quando historicamente o procedimento é mais indicado, o percentual de episiotomia caiu de 40%, em 2013, para 14% em 2016.

“O que queremos para São Paulo é exatamente um parto natural, que na cidade brote uma consciência que coloque a pessoa em primeiro lugar. A lei que garante a presença de doulas nos hospitais tem tudo a ver com a humanização e com essa visão de cidade”, disse o prefeito. No momento da sanção da lei, mulheres se levantaram e se posicionaram atrás de Haddad com cartazes dizendo “pelas vítimas da violência obstétrica”, “a população acompanhará com vigor essa lei”, “as mortes nas maternidades não serão esquecidas” e “parto humanizado é um direito, não negócio”.

A lei será publicada na edição de amanhã (24) do Diário Oficial e já começará a valer para todos os hospitais municipais e todas as unidades básicas de saúde. Ela assegura que as doulas – profissionais que oferecem apoio emocional e conforto físico às gestantes – sejam autorizadas a permanecer com as futuras mamães durante consultas, exames de pré-natal, pré-parto, parto e pós-parto imediato, com seus instrumentos de trabalho. As mulheres ganham o direito de entrar na sala de parto com a sua doula e também com um acompanhante. As doulas não podem, no entanto, fazer procedimentos e dar diagnósticos restritos aos profissionais de saúde, mesmo se ela tiver formação na área.

“Hoje para nós é um presente, mas também uma etapa que foi finalizada, mas com outras que estão por vir. Colocar essa sanção em prática será uma luta, existe muita dificuldade e muitos profissionais que acham que a doula vai atrapalhar seu serviço, mas pelo contrário: para mãe é uma forma humanizada de atendimento, porque a gente fica insegura, principalmente as mães de primeira viagem.  Isso é muito importe e um ganho para a cidade de São Paulo”, disse a vereadora Juliana Cardoso (PT), autora do projeto.

Durante a cerimônia foi lançado também um curso gratuito para formar gestantes, pela Escola de Saúde do SUS. A expectativa é iniciar a primeira turma já em 17 de janeiro, quando os servidores da Secretaria de Saúde retornam do recesso, para evitar cortes da gestão do prefeito eleito João Doria.

“A doula faz total diferença. Ela é uma acompanhante que te conhece e que te escolheu por empatia. Há uma irmandade e um pacto emocional envolvido. A profissional tem conhecimentos fisiológicos, sabe o que esta acontecendo no parto e no corpo da mulher e sabe os efeitos positivos e negativos dos procedimentos médicos. Ela pode ajudar a gestante a tomar as decisões e lembrar o que foi conversado durante o pré-natal”, diz a doula Ana Maria Machado. “A gente orienta e articula a comunicação com a equipe médica para que a mulher possa fazer suas escolhas.”

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