De Braços Abertos

Prefeitura de SP diz que jornal ‘forçou’ texto para associar crimes a programa social

Texto publicado no sábado (16) relacionou os dois anos do programa à alta de roubos nos bairros de Bom Retiro, Campos Elíseos e Santa Ifigênia, de janeiro a novembro de 2013 a igual período de 2015

Fábio Arantes / Secom

Participantes do De Braços Abertos trabalham com remuneração no serviços de limpeza urbana

São Paulo – A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo contestou hoje (18) texto do jornal O Estado de S. Paulo, afirmando que a publicação “forçou” uma reportagem, “com má fé jornalística e irresponsabilidade”, para associar uma suposta alta de criminalidade na região conhecida como Cracolândia, no centro da capital paulista, ao programa De Braços Abertos, que oferece oportunidades de trabalho, moradia e tratamento médico para dependentes de crack.

Em texto intitulado “Após 2 anos de ação municipal, roubos avançam 25,4% nos DPs da cracolândia”, publicado na página A14, na edição do último sábado (16), o jornal associa o aniversário de dois anos do De Braços Abertos à alta de roubos em três bairros da capital (Bom Retiro, Campos Elíseos e Santa Ifigênia), de janeiro a novembro de 2013 a igual período de 2015.

Para a prefeitura, a reportagem induz o leitor a imaginar uma relação direta entre os dois fatores ou estimula “o pensamento equivocado de que a Prefeitura é responsável pela segurança pública, uma atribuição constitucional do Governo do Estado, que faz o policiamento e o combate ao tráfico de drogas”.

Em sua resposta, a Secretaria da Saúde afirma ainda que o jornal deixou de considerar que a média de roubos cresceu em toda a capital – um aumento de 24% entre janeiro de 2013 e novembro de 2015, segundo dados disponíveis no site da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, mesma base de dados usada pelo jornal.

“No quadrilátero formado pelas Alameda Nothmann à Avenida Duque de Caxias e Rua Conselheiro Nébias à Alameda Cleveland, região conhecida como “cracolândia”, os índices de roubo registraram queda de 32% de 2013 a 2015 (na comparação dos períodos de janeiro a outubro, com base no Infocrim). Os outros crimes (furtos, roubo de veículo e lesão corporal dolosa) tiveram quedas ainda mais expressivas”, ressalta a nota. O Infocrim, Sistema de Informações Criminais, foi criado em 1999.

O jornal teria ouvido especialistas que associam o De Braços Abertos ao aumento de roubos, “mas na realidade fez uma repercussão enganosa”, diz a prefeitura. “Um dos entrevistados é Fábio Fortes, presidente do Conseg de Santa Cecília, que não é considerado fonte isenta por ser opositor ideológico e político-partidário do DBA (De Braços Abertos) e da Prefeitura.” Conseg é a sigla de Conselho Comunitário de Segurança, órgão criado em 1986 por meio de decreto estadual.

A nota ressalta que o programa oferece trabalho, moradia, assistência social e tratamento médico para os dependentes químicos, com participação voluntária.

“O texto não explica a grave insinuação de que seriam os cadastrados do DBA os responsáveis por roubos em bairros próximos. Caso o Estadão acredite mesmo que dois anos de ação municipal de recuperação de pessoas em situação de grave fragilidade social seja a causa dos roubos em três bairros vizinhos, caberia questionar por que não faz a mesma associação maliciosa com as ações sociais complementares feitas por igrejas, ONGs ou até mesmo o Governo do Estado no mesmo território”, conclui a nota da secretaria municipal.

Veja a nota na íntegra:

Nota de Esclarecimento sobre má-fé jornalística do Estadão
Com má fé jornalística e irresponsabilidade, “O Estado de S. Paulo” forçou uma reportagem para tentar associar uma suposta alta localizada de criminalidade à Prefeitura de São Paulo

De Secretaria Municipal da Saúde

Com má fé jornalística e irresponsabilidade, “O Estado de S. Paulo” forçou uma reportagem para tentar associar uma suposta alta localizada de criminalidade à Prefeitura de São Paulo. No texto “Após 2 anos de ação municipal, roubos avançam 25,4% nos DPs da cracolândia” (A14; 16/01/2016), o jornal relaciona o aniversário de dois anos do programa De Braços Abertos à alta de roubos em três bairros nos períodos de janeiro a novembro de 2013 a 2015, induzindo o leitor a imaginar uma relação causal direta ou estimulando o pensamento equivocado de que a Prefeitura é responsável pela segurança pública, uma atribuição constitucional do Governo do Estado, que faz o policiamento e o combate ao tráfico de drogas.

Aos fatos:

A comparação feita pelo Estadão com dados das delegacias de polícia de três bairros (Bom Retiro, Campos Elíseos e Santa Ifigênia), com dados de janeiro a novembro de 2013 a 2015, mostra que os roubos aumentaram 25%. Porém, o jornal omite que essa alta ficou na média da cidade inteira: o aumento de roubos na capital foi de 24%, considerando o mesmo período, de acordo com os dados disponíveis no site da SSP-SP, a mesma base de dados consultada pelo Estadão.

No quadrilátero formado pelas Alameda Nothmann à Avenida Duque de Caxias e Rua Conselheiro Nébias à Alameda Cleveland, região conhecida como “cracolândia”, os índices de roubo registraram queda de 32% de 2013 a 2015 (na comparação dos períodos de janeiro a outubro, com base no Infocrim). Os outros crimes (furtos, roubo de veículo e lesão corporal dolosa) tiveram quedas ainda mais expressivas.

O jornal ainda afirma ter ouvido “especialistas” que associam o programa DBA ao suposto aumento nos roubos, mas na realidade fez uma repercussão enganosa. Um dos entrevistados é Fábio Fortes, presidente do Conseg de Santa Cecília, que não é considerado fonte isenta por ser opositor ideológico e político-partidário do DBA e da Prefeitura.

O DBA é um programa de trabalho, moradia, assistência social e tratamento médico, de participação voluntária, com centenas de cadastrados. O texto não explica a grave insinuação de que seriam os cadastrados do DBA os responsáveis por roubos em bairros próximos. Caso o Estadão acredite mesmo que dois anos de ação municipal de recuperação de pessoas em situação de grave fragilidade social seja a causa dos roubos em três bairros vizinhos, caberia questionar por que não faz a mesma associação maliciosa com as ações sociais complementares feitas por igrejas, ONGs ou até mesmo o Governo do Estado no mesmo território.

Assessoria de Imprensa
Prefeitura de São Paulo