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OMS: ‘Mundo não está preparado para emergência sanitária mundial’

Epidemia, cujo primeiro caso aconteceu em dezembro de 2013 na Guiné Conakri, se expandiu ao resto do país e cruzou as fronteiras da Libéria e Serra Leoa, onde infectou perto de 22 mil pessoas e matou quase 9 mil

SALVATORE DI NOLFI/efe

Bruce Aylward, da OMS, anunciou que ainda 50% das novas infecções provêm de cadeias de contágio desconhecidas

Genebra – A epidemia de ebola na África Ocidental demonstrou que o mundo não está preparado para fazer frente a emergências de saúde de alcance internacional, disse hoje (25) a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, que pediu a construção de novos sistemas de defesa. “O volátil mundo virológico sempre trará surpresas. Mas nunca mais o mundo deveria ser surpreendido sem preparação para fazer frente a uma ameaça virótica”, afirmou.

“Peço a todos que usem a epidemia de ebola como uma oportunidade de construir um sistema de defesa mais forte para proteger a segurança sanitária global”, acrescentou Margaret, em seu discurso perante o Comitê Executivo da instituição, que hoje se reúne de forma extraordinária para avaliar a epidemia de ebola em África Ocidental.

Uma epidemia cujo primeiro caso aconteceu em dezembro de 2013 na Guiné Conakri, e desde ali se expandiu ao resto do país, e cruzou as fronteiras da Libéria e Serra Leoa, onde infectou quase 22 mil pessoas e matou quase 9 mil.

É a terceira vez na história da OMS que o Comitê Executivo se reúne de forma extraordinária, e a primeira que faz para debater uma situação epidêmica.

A diretora-geral disse que são necessários programas nacionais e internacionais de preparação, e assumiu que a organização que dirige também deve fazer uma reforma para poder responder com eficácia e prontidão a uma situação similar.

“Na crise sobre a gripe pandêmica, já nos demos conta que o mundo não estava bem preparado. Agora com o ebola isso foi confirmado. A OMS sabe reagir bem aos surtos localizados, mas não a uma epidemia de alcance mundial”, confessou.

De fato, Margaret assumiu minutos antes que a resposta ao ebola “tanto do mundo como da OMS tinha sido lenta demais”, o que devia servir como lição para futuras emergências. Além disso, lamentou que não foi possível contar com remédios e nem vacinas para uma doença conhecida há 40 anos. “Necessitamos de planos de contingência mundiais de forma urgente.”

O comitê é formado por 34 representantes dos Estados-membros e suas funções principais são assessorar ao organismo, assegurar que as decisões da Assembleia Mundial da Saúde sejam implementadas, e preparar a agenda de trabalho.

Durante a sessão de hoje, espera-se que o Comitê Executivo avalie o que foi realizado até agora para atalhar a epidemia, e formule recomendações para impulsionar medidas suplementares para acabar com o surto.

Além disso, espera-se que seja debatido sobre como poder reforçar as capacidades da OMS para poder responder de forma mais rápida e efetiva a emergências sanitárias como a do ebola.

Na sexta-feira, o diretor-geral adjunto encarregado da resposta ao ebola, Bruce Aylward, anunciou que ainda 50% das novas infecções provêm de cadeias de contágio desconhecidas, o que demonstra que há múltiplos focos sem controle.

Além disso, segue havendo transmissão intensa nas três capitais, onde o controle do contágio é muito mais difícil dada a quantidade e mobilidade das pessoas e o menor controle social.

Por sua parte, o enviado especial da ONU para o ebola, David Nabarro, que também discursou perante o comitê, reiterou que a ONU não conta com bilhões de dólares para poder continuar com os trabalhos de resposta nos próximos seis meses.


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