100% reciclável

Graças à parceria entre município e universidade, coleta seletiva alcança todos os domicílios em Assis (SP) e cooperativa processa 180 toneladas de materiais recicláveis por mês

Triagem do lixo: emprego e mudança de hábitos (Foto: Ricardo Amaro/Divulgação)

A emoção toma conta de Noe­mia Virgínia Vitor quando fala da compra da tão sonhada casa, onde mora com três filhas, três genros e sete netos. “Antes eu vendia saco de lixo pelas ruas. Às vezes, conseguia R$ 2 num dia. A maneira como nós atuamos e como as pessoas nos veem mudou com a cooperativa”, conta.

Noemia é coordenadora da esteira de triagem da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Assis (Coocassis). Constituída em 2001 a partir da união entre a Cáritas (organização ligada à Igreja Católica) e do Núcleo de Incubadora de Cooperativas (projeto de extensão da Universidade Estadual Paulista), responsável pelo suporte, capacitação e orientação dos participantes, a implantação resolveu não só problemas sociais como ambientais da cidade, localizada a 450 quilômetros da capital paulista.

Até 2003, todo lixo produzido pela população da cidade era jogado de forma in natura num aterro sanitário. Hoje, a coleta seletiva domiciliar atinge 100% do território urbano. Pelo menos 180 toneladas de materiais recicláveis são processadas e encaminhadas mensalmente para centros comerciais do estado. Outras 60 toneladas são comercializadas in natura, como ocorre com o papelão.

O presidente da Coocassis, Claudineis de Oliveira, observa que quando a coleta é reali­zada junto ao lixo comum, como ocorre em São Paulo, há grandes perdas. Isso porque os produtos têm contato com substâncias orgânicas e com rejeitos que os contaminam e os tornam desapropriados para a comercialização. “Daí a importância da coleta seletiva”, diz.

Os 90 mil habitantes do município descartam, diariamente, em média 60 toneladas de lixo e acumulam 13 toneladas de recicláveis. Com a implantação da coleta seletiva em toda a zona urbana, a quantidade de materiais que podem ser reciclados em meio ao lixo caiu para 3%. A média nacional é de 15% em regiões em que há somente a coleta convencional.

A maior receita é obtida com a venda de plásticos, a R$ 0,80 o quilo. O papelão, item coletado em maior quantidade na cidade, tem valor de R$ 0,28 na venda.