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Folk, dança urbana, som da web, ocupação e integração no cinema

Chico Teixeira lança novo disco. Zumb.boys apresenta 'O Que Se Rouba'. CCBB reúne artistas que fazem música por meio da internet. Refugiados lutam por moradia ao lado de sem-teto em 'Era o Hotel Cambridge'

Reprodução

Em ‘Saturno’, Chico Teixeira reforça o estilo folk com a mesma leveza e potência de seu segundo álbum

Chico Teixeira e a imensidão

O cantor, compositor e violonista Chico Teixeira acaba de lançar seu terceiro álbum, Saturno. Com 10 faixas, o disco tem parcerias com Renato Teixeira, com João Carreiro, Roberta Campos e Rodrigo Hid, e traz homenagens ao irmão João Lavraz (Saturno)e ao compositor Geraldo Roca (Sogn Swan), que morreram recentemente.

Na faixa-título, Chico fala sobre a sensação de olhar para o céu e sentir-se pequeno diante do universo. “Do fuzil não tenho medo. Eu fecho os olhos e não há mal algum que possa me tocar. Eu olho sempre por nós dois. Antes que o mundo acabe, saiba que eu não posso impedir se caso a morte me vier tomar e me leve junto a ti. Saturno é onde vamos morar no futuro, se o tempo ajudar…”

O sonho, a fé e a saudade são os temas de Fique Com Deus no Peito, na qual Chico divide o microfone com seu pai, Renato Teixeira. A Vida É Feita de Sonhos traz a participação do cantor sertanejo João Carreiro e em Mãe da Lua, a música ultrapassa as fronteiras e as cordilheiras com participação de Irene Atienza e Carolina Delleva.

Em Saturno, Chico Teixeira reforça seu estilo folk com a mesma leveza e potência que trouxe em seu segundo álbum, Mais Que Um Viajante. Cheiro de mato e frescor da Serra da Cantareira… Sua música é um convite para uma viagem rumo à uma simplicidade requintada de quem sabe que o mais importante de tudo nessa vida é o há dentro de nós: o amor, a amizade e os sonhos.

O novo álbum está à venda nas lojas e pode ser ouvido e/ou comprado em várias plataformas digitais, como no Spotify, iTunes, Deezer e Google Play.

Relembre a entrevista que Chico e Renato Teixeira concederam à Revista do Brasil, em 2011: www.redebrasilatual.com.br/revistas/63/entrevista.

 

Kelson Barros/DivulgaçãoZumb.boys
Espetáculo ‘O Que Se Rouba’, de Zumb.boys

Reflexão em movimento

O Grupo Zumb.boys faz apresentações gratuitas do espetáculo O Que Se Rouba no Teatro Municipal Arthur Azevedo, na Mooca, às sextas, sábados e domingos, até 25 de março. Dirigidos por Márcio Greyk, os b-boys usam danças urbanas (como a break dance e o hip hop) para instigar reflexões sobre o comportamento na sociedade contemporânea: o que pode ser roubado de cada um de nós além de coisas materiais?

O grupo partiu de uma pesquisa sobre a movimentação urbana e como explorar o espaço cênico tendo a cidade como referência. No primeiro espetáculo da série, Ladrão, eles tratam sobre questões sobre as regras de convívio social e razões que influenciam a decisão pelo roubo. Com O Que Se Rouba, Zumb.boys ampliam a pesquisa sob uma perspectiva diferente.

A nossa intenção é expor tudo o que pode ser roubado e não nos ater apenas aos roubos materiais. Roubos imateriais, certamente são roubos concretos e de reverberações tão violentas quanto qualquer outro. O roubo das possibilidades é um grande exemplo. Quando a sociedade diz a um indivíduo onde ele precisa chegar mas não apresenta condições e recursos para que ele possa ir, como uma educação de qualidade, hospitais, segurança pública, ela está roubando o desenvolvimento desse indivíduo”, afirma Márcio.

Por meio da dança, a montagem tem como cenário uma prisão imaginária e faz uma análise sobre o desejo de ‘querer ter’ do ser humano. O espetáculo trata sobre a necessidade de pertencimento das pessoas, sobre consumismo, valores, educação, direitos humanos entre outros temas que têm alguma relação com roubos materiais ou imateriais.

O Que Se Rouba
Quando: 19, 24 e 25 de março

Às 21h, às sextas e sábados, e às 19h, no domingo
Onde: Teatro Arthur Azevedo
Avenida Paes de Barros, 955, Mooca, São Paulo
Quanto: grátis, com retirada de ingressos uma hora antes do espetáculo
Mais informações: (11) 2605-8007

Leco de Souza/DivulgaçãoRusso
Russo Passapusso se apresenta no CCBB-SP no dia 22 de março

Internet e música

O Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo promove o festival Sai da Rede – O Som Que Vem da Web, que reúne artistas da nova geração que utilizam a internet como ferramenta para produção e divulgação dos seus trabalhos. Com curadoria da produtora cultural Amanda Menezes e do produtor e diretor musical Pedro Seiler, o evento começou em 15 de março, com o cantor e compositor carioca Rubel e o grupo Carne Doce, de Goiás. No dia 22, às 13h, é a vez do paraense Lucas Estrela, e às 20h, Russo Passapusso apresenta um dos sons que compõe a nova cena da música popular brasileira produzida na Bahia. No dia 29, também às 13h, sobe ao palco a cantora, compositora, produtora e multi-instrumentista Mahmundi, e às 20h a dupla paulista As Bahias e a Cozinha Mineira fecha o festival.

Sai da Rede – O Som Que Vem da Web
Quando: dias 22 e 29 de março, às 13h e às 20h

Onde: Centro Cultural Banco do Brasil SP
Rua Álvares Penteado, 112, centro, São Paulo
Quanto: R$ 10 (meia-entrada) e R$ 20
Mais informações: (11) 3113-3651

 

DivulgaçãoEra o Hotel Cambridge
‘Era o Hotel Cambridge’, de Eliane Caffé

Ficção e realidade

Estreou esta semana em São Paulo, Brasília e Recife o novo longa-metragem da cineasta paulista Eliane Caffé, Era o Hotel Cambridge. O filmenarra a trajetória de refugiados recém-chegados ao Brasil que, ao ladode trabalhadores sem-teto, ocupam um velho edifício abandonado no centro de São Paulo. Elianerevela a tensão diária pela ameaça de despejo, os pequenos dramas vividos pelo grupo, o trabalho dos núcleos dentro da ocupação, as alegrias e as diferentes visões de mundo dos ocupantes.

Trata-se de uma ficção que apresenta muitos elementos documentais, já que estão em cena refugiados e um grupo de trabalhadores sem-teto interpretando eles próprios em uma área de conflito real: o prédio que um dia abrigou o Hotel Cambridge, no centro de São Paulo. Mesmo que o filme tenha a participação de dois atores profissionais, Suely Franco e José Dumont, a narrativa escolhida pela diretora equilibra de forma bastante natural a interpretação deles com as dos não-atores.

A preparação do projeto levou dois anos e foi gerido por um coletivo que permitiu transformar o edifício no set criativo da filmagem. Esse coletivo foi composto por quatro frentes principais: equipe de produção do filme; lideranças da Frente de Luta pela Moradia (FLM); grupo dos refugiados e núcleo de estudantes de arquitetura da Escola da Cidade.

CartazUm dos melhores momentos de Era o Hotel Cambridge é quando um senhor palestino fala em uma reunião sobre a exclusão que atinge da mesma forma quem teve de deixar sua terra natal e aqueles que são excluídos e têm seus direitos subtraídos em seu próprio país. A tensão se faz presente durante o conflito (real) com os policiais no processo de reintegração de posse do prédio.

A luta por moradia digna, os conflitos entre refugiados e brasileiros, a diversidade, a precariedade, a união, a arte como forma de integrar e discutir questões importantes, o sentido de comunidade e outros temas passam pela tela enquanto ficção e realidade se misturam forma bastante uma ousada.