Democracia

‘Vamos reabilitar o ambiente de relação institucional’, promete Alexandre Padilha

Segundo novo ministro de Relações Institucionais, governo Bolsonaro criou no Palácio do Planalto “uma máquina de fabricar guerra todos os dias”. Durante cerimônia, ele anunciou a refundação do Conselhão

Reprodução/TV Brasil/Yiutube
Reprodução/TV Brasil/Yiutube
"Não existe alguém que vai falar de ‘metralhada contra’ a oposição. Essa época acabou”

São Paulo – Na cerimônia de transmissão de cargo da Secretaria de Relações Institucionais, o agora ministro Alexandre Padilha destacou o diálogo como o principal atributo de sua pasta, na sucessão do governo anterior, marcado pelo autoritarismo de Jair Bolsonaro, que chegou a ameaçar a democracia brasileira. “O ministério tem a responsabilidade de recriar um programa da reabilitação do respeito institucional, que foi desmontado”, disse.

“A impressão é que tinha no terceiro andar do Palácio do Planalto uma máquina de fabricar guerra todos os dias. Vamos reabilitar o ambiente de relação institucional”, prometeu. O andar referido por Padilha é onde ficam o Gabinete Presidencial e os principais auxiliares do chefe de governo.

Junto ao novo ambiente de relação institucional, será reforçado a partir de agora o respeito às próprias instituições, que Bolsonaro trabalhou quatro anos para degradar. “Esse ministério é o ministério do diálogo. Esse governo é do diálogo. Não existe alguém que vai falar de ‘metralhada’ contra a oposição. Essa época acabou”, declarou.

Padilha chefiou a mesma pasta nos anos de 2009 e 2010, sob Lula, e terá a tarefa de fazer as complexas negociações políticas do governo com o Congresso Nacional e partidos políticos. Ele prometeu diálogo também com as legendas da base e com a oposição. Citou o governador de São Paulo recém-empossado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para dizer que o governo Lula terá também com ele “as melhores relações republicanas”.

De acordo com o novo ministro, as relações com o Congresso Nacional, com governadores e prefeitos e também com a sociedade compõem o “tripé da governabilidade”. Nesse contexto, o governo acaba de refundar o “Conselhão”, agora com o nome de Conselho do Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável.

A instância foi muito atuante nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo a presença de diversos empresários e representações reconhecidas em diferentes áreas, inclusive de trabalhadores. O órgão foi extinto por Jair Bolsonaro ainda em 2019. A recriação do colegiado já consta na Medida Provisória assinada ontem (1º) pelo presidente Lula, durante a cerimônia de posse, que estabelece a nova estrutura do governo. 

“Quero convidar a todos os segmentos pra gente refundar juntos o Conselhão e criar um novo ambiente de diálogo social e concertação nesse país”, afirmou Padilha. Além do Conselhão, o ministro anunciou o restabelecimento de um canal institucional de diálogo com as entidades que representam os municípios, o Comitê de Articulação Federativa, colegiado criado pelo próprio Padilha durante sua gestão anterior à frente da SRI, entre 2009 e 2010.  

“Nem barbárie, nem insegurança econômica”

Todo o trabalho do novo governo passa pela tarefa de “unir e reconstruir o país”, continuou.  As urgências são o combate à fome, redução da fila do SUS, recuperação da educação, reconstrução dos órgãos de proteção ambiental e proteção ambiental, entre outras. O ministro das Relações Institucionais destacou também a importância da responsabilidade fiscal: “nem barbárie, nem insegurança econômica”.

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez discurso no mesmo sentido. “Um estado forte não é um estado grande, um estado obeso; é um Estado que entrega com responsabilidade aquilo que está previsto na Constituição. Não queremos nem mais nem menos do que os direitos do cidadãos respeitados. Isso inclui a responsabilidade fiscal”, disse Haddad.

Médico infectologista

Nascido na cidade de São Paulo, Alexandre Padilha tem 51 anos e é médico infectologista, formado pela Unicamp. Ele deixou as Relações Institucionais no final de 2010 para assumir, em janeiro do ano seguinte, o Ministério da Saúde de Dilma Rousseff. 

No cargo, implementou o exitoso programa Mais Médicos, que posteriormente Bolsonaro destruiu. O governo extinto ontem promoveu com os médicos cubanos o primeiro de uma série interminável de vexames internacionais.

Com Agência Brasil

Leia também:


Leia também


Últimas notícias