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Ao falar para jovens, Lula pede ao PT apoio a Dilma contra investidas da oposição

Ex-presidente lembrou papel histórico da juventude para o país. ‘Temos autoridade moral e política para chamar vocês a esse debate', afirmou, durante evento do partido que vai até domingo

ricardo Stuckert/Instituto Lula

Lula: “Não tem 2018, se a gente não tiver 2016. Andam dizendo que o PT acabou, vamos fazer uma pequena surpresa para eles”

Brasília – O comportamento da mídia, as alianças necessárias para garantir a governabilidade do país, a implementação do Plano Nacional de Educação (PNE), o fortalecimento do PT e o pedido para que os petistas ajudem a presidenta Dilma nas investidas que ela tem recebido da oposição foram alguns dos destaques do discurso feito hoje (20), em Brasília, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um grupo de aproximadamente 600 jovens. Eles participam, na capital, do Encontro Nacional da Juventude da legenda, que vai até domingo (22). E foram incentivados por Lula, nesta sexta-feira, a tomar gosto pela política e ocupar o papel que é historicamente reservado à juventude, nas lutas pela democracia e avanços.

Lula afirmou que em diversos momentos de crise na história do Brasil foram os jovens que se apresentaram para dar os primeiros passos. “A desgraça de quem não gosta de política é ser governado por quem gosta. Então vocês precisam assumir esse papel de lutar e pensar no futuro do país”, acrescentou. O ex-presidente também disse que o PT tem autoridade para convidar a juventude brasileira para um bom debate, pelo que implementou no Brasil.

“Muita gente tem raiva quando eu digo a frase ‘nunca antes neste país’ para citar vários avanços, mas é verdade. Por tudo o que foi feito, temos autoridade moral e política para convidar a juventude brasileira para um bom debate, lembrar o que nós fizemos e pensar o futuro. Eu sonho com o dia em que vocês vão falar que vão assumir a construção deste partido e deste país”, acentuou.

O ex-presidente, embora falando diretamente aos jovens, aproveitou sua fala para passar vários recados aos integrantes do PT, políticos de outros partidos e parlamentares diversos. Em relação ao governador de São Paulo, Geraldo Alkmin (PSDB), por exemplo, quando lembrou as manifestações de 2013, iniciadas pelo Movimento pelo Passe Livre e o Plano Nacional de Educação (PNE), Lula ironizou: “Enquanto a gente está se matando para construir mais escolas, o governo de São Paulo está fechando”.

Sobre o PNE, o ex-presidente disse não adiantar achar que a presidenta Dilma Rousseff sozinha é quem vai implementá-lo, porque a engrenagem do plano é o povo brasileiro que deseja uma educação de qualidade. Já no tocante às eleições de 2018, tratou de lembrar que antes, no próximo ano, haverá outro pleito que precisa ser levado em consideração. “Não tem 2018, se a gente não tiver 2016. Andam dizendo que o PT acabou, vamos fazer uma pequena surpresa para eles.”

Próximas eleições

Durante todo o discurso, o ex-presidente destacou a importância de o partido se fortalecer para as eleições, como forma de dar continuidade ao projeto de poder. Nesse contexto, ele saiu em defesa da presidenta Dilma Rousseff e das articulações e alianças feitas no atual governo. Lula destacou que os petistas “precisam ajudar a companheira Dilma a sair da encalacrada que a oposição nos colocou depois das eleições”. E repetiu fala já dita no mês passado, em outro evento do partido em Brasília, de que o ideal seria se uma única legenda pudesse governar tudo. “Como isso é uma utopia, precisamos aceitar e fazer alianças, em nome da governabilidade.”

Embora sem citar nomes, o ex-presidente afirmou, ainda, que a mídia “trabalha para mostrar que a política está apodrecida. E aí quem tenta resolver possivelmente seja um programa de TV ou um apresentador” – numa menção implícita a apresentadores que costumam concorrer a cargos políticos a cada eleição.

Ele também falou sobre a importância de se preservar o PT e combater os ataques feitos ao partido. “Não se pode permitir que ladrão fique chamando petista de ladrão”, ressaltou, ao fazer uma defesa do ex-tesoureiro João Vaccari (preso preventivamente pela Justiça Federal por suspeitas de envolvimento na operação Lava Jato, que apura o pagamento de propinas em contratos da Petrobras).

Levy e PMDB

Um momento de saia-justa do evento foram as frases de ordem gritadas por vários jovens que pediram a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, do governo, e o rompimento do PT com  o PMDB. Lula minimizou as críticas e disse: “As palavras de ordem que estou vendo aqui é como doce de cupuaçu em comparação ao que a gente ouvia no Colégio Sion”, numa referência ao estabelecimento de ensino paulista conhecido por reuniões que, nos anos 80, resultaram na criação do PT. Ele afirmou, no entanto, que “apenas escrever um documento pedindo ‘Fora Levy, ou fora PMDB’ é muito pouco”.

O congresso teve a participação nesta manhã, além de Lula, também do presidente nacional do PT, Rui Falcão, o presidente da CUT, Vagner Freitas, e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto.

No domingo, serão escolhidos os integrantes da nova direção e o novo secretário da Juventude do partido. O tema desta edição do evento, a terceira, é a luta contra o extermínio da juventude negra. Também está sendo feita uma homenagem ao ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, que morreu no início de outubro.

Com agências