Rádio e TV

Dilma terá 11 minutos por bloco de horário eleitoral; Aécio terá 4,5

Tempo corresponde a cada um dos dois blocos diários da propaganda em nível nacional. Distribuição leva em conta tamanho das bancadas que compõem as coligações. Propaganda começa em 19 de agosto

José Cruz/ABr

O processo eleitoral de 2014 será conduzido pelo ministro José Antônio Dias Toffoli, presidente do TSE

Brasília – Já é possível ter um mapeamento sobre como ficará o tempo dos candidatos à presidência nos guias eleitorais. O cálculo, do Tribunal Superior Eleitoral (ainda não oficial), é feito a partir do período destinado a cada legenda e explica a preocupação dos partidos com as coligações – mais pragmáticas dos que programáticas. E é o que definirá o tamanho da presença dos candidatos quando começar o horário eleitoral no rádio e na TV, de 19 de agosto a 2 de outubro.

Conforme as coligações firmadas, a presidenta Dilma Rousseff (PT) sai na frente com um tempo de TV e rádio de 11 minutos e 21 segundos diários. O senador Aécio Neves (PSDB) terá garantidos 4 minutos e 33 segundos. E o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), 1 minuto e 54 segundos.

O tempo de Dilma é resultado dos 41 segundos destinados pela justiça eleitoral a cada candidato mais o tempo reservado a cada um dos nove partidos que apoiam a sua candidatura. Destes, além do PT, que tem 2 minutos e 47 segundos, o segundo maior período a ser cedido é o do PMDB (2 minutos e 18 segundos). Essa fatia de tempo é definida pela proporção das bancadas no Congresso. A adesão do PSD, de acordo com dados repassados pelo TSE, representa mais 1 minuto e 37 segundos.

A aliança que resultou no tempo eleitoral de Dilma Rousseff é integrada, ainda, pelo PP, que dispõe de 1 minuto e 16 segundos; o PR, com 1 minuto e 2 segundos; além de PDT, PC do B e PROS, com cerca de 27 segundos cada legenda, e do PRB, mais 15 segundos.

“Pode não parecer, mas essas legendas pequenas, juntas, são importantes para a fala da presidenta Dilma chegar todos os dias à casa dos cidadãos”, avaliou o cientista político Alexandre Ramalho.

A engenharia não é diferente em relação ao candidato Aécio Neves, que conta com seus 4 minutos e 33 segundos a partir da coligação com sete partidos. Além dos 41 segundos a que tem direito como candidato, Neves terá, por parte do PSDB, ao qual é filiado, mais  1 minuto e 37 segundos.

O PTB, que recentemente anunciou a adesão ao tucano, possui 38 segundos para o guia eleitoral do senador. O DEM tem mais 42 segundos. Já o SDD tem 40 segundos. Outros partidos pequenos, que também possuem segundos de tempo, ajudarão a compor a matemática: o PTdo B (7 segundos), seguido do PMN e PTC (1 segundo cada uma).

Eduardo Campos, por sua vez, para chegar ao 1 minuto e 54 segundos a que tem direito, usará, além do seu tempo pessoal, os 56 segundos do PSB, mais 11 destinados ao PPS, 3 do PRP e 1 segundo do PHS.

As coligações em nível nacional não são obrigadas a se repetir nos estados. Não bastasse o pragmatismo dos partidos a confundir a cabeça do eleitorado, a legislação eleitoral contribui para a confusão ao permitir coligações diferentes nos estados.

Tanto é que enquanto as alianças vão sendo costuradas no plano nacional, em meio a crises e exigências feitas pelos integrantes das legendas, ninguém bate muito duro ao perder um aliado para o adversário, pois em um ou outro estado a adesão ainda pode ser negociada localmente.

Resistências

Alguns dos casos mais complicados, entre os acordos firmados, foram observados no PP e no PR. No PP, que faz sua convenção na segunda-feira (30), a senadora Ana Amélia Lemos (RS), candidata ao governo do Rio Grande do Sul pelo partido, ameaça entrar com representação contra o diretório nacional por já ter decidido apoiar a reeleição da presidenta Dilma. Ela e o grupo que a acompanha querem que seja inserida na cédula de votação a neutralidade do partido na disputa presidencial. Dessa forma, o tempo de rádio e TV do PP ficaria dividido entre todos os candidatos, conforme aconteceu na eleição de 2010. Caso a representação da senadora seja acolhida, a chapa da presidenta Dilma perderá alguns segundos do seu tempo.

Já o PR, para apoiar a reeleição da presidenta, pediu a troca do titular do ministério dos Transportes. Os dirigentes da sigla ponderaram que o então ministro Cesar Borges (ex-DEM e tido como um bom gestor por parte de Dilma Rousseff), apesar de integrar o PR, não é seu representante direto. A troca foi acatada pelo Palácio do Planalto e Borges está sendo substituído pelo ex-ministro Paulo Sergio Passos.

Nessa disputa por tempo, até mesmo o Pros, dos irmãos cearenses Ciro e Cid Gomes (que saíram do PSB para demonstrar fidelidade à presidenta e ao governo), ameaçou colocar as mangas de fora. Na convenção do partido, Ciro acentuou em entrevista que fará aliança com o PT, mas usou um linguajar bem nordestino para ressalvar: “Não serei um parceiro calango, que ficará com a língua de fora, baixando a cabeça para tudo”.

A fala de Ciro foi vista como arrogante e irritou muita gente no Palácio do Planalto. Mas a presença do experiente político na campanha, além dos 27 segundos diários do Pros para as inserções da aliança Dilma-Temer no guia eleitoral, parecem compensar contar até dez.

Definição

Em princípio, o TSE prevê a exibição de dois blocos diários para o horário eleitoral. No rádio, às 7h da manhã e às 12h; na TV, às 13h e às 20h. O tribunal deve definir nas próximas semanas o formato e a distribuição da exibição, de modo a contemplar as eleições majoritárias e proporcionais, e também a alternância entre o pleito nacional e os estaduais.

Leia também

Últimas notícias