IMPEACHMENT

Senadores falam em defender conquistas; Randolfe acredita em reversão

Humberto Costa (PT-PE) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) anunciam oposição com foco em combate a retrocessos. Randolfe (Rede-AP) observa que Dilma pode ampliar apoios e defende novas eleições

Fabio Rodrigues Pozzebon/Agência Brasil

Humberto e Vanessa preparam oposição ‘em defesa do Brasil’; Randolfe observa que processo ainda não acabou

Brasília – Horas antes da decisão final que afastou a presidenta Dilma Rousseff do cargo por 180 dias, os parlamentares da base aliada já davam sinais de que não esperavam mais uma reversão no quadro, mas procuravam incentivar uns aos outros para apoiar a presidenta na manhã de hoje (12) e para dar inicio a uma outra etapa de suas vidas políticas: trabalhar na oposição ao futuro governo Temer. Deixaram claro, porém, que vão dar início a uma oposição construtiva, deixando de lado o discurso do”quanto pior melhor” observado até hoje pelos partidos que agora comemoram.

Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), disse que lamentava fazer parte de uma sessão que rasgava preceitos constitucionais do país, mas que a base aliada do governo não iria esmorecer. “Temos um compromisso com a população e não vamos fazer a política que essa oposição que está aí fez até agora, mas sabemos que a agenda do governo que vem por aí é negativa do ponto de vista das conquistas sociais pelas quais tanto trabalhamos. E vamos lutar fortemente para rejeitar estas matérias”, afirmou.

De forma ainda mais enfática, o senador Humberto Costa (PT-PE), disse que a partir desta quinta-feira “o PT estará nas ruas”. “Seremos o maior partido de oposição do Brasil. Repito, seremos o maior partido de oposição do Brasil, e não ao Brasil”, destacou o hoje líder do governo no Senado.

Oposição qualificada

De acordo com Costa, a intenção dos partidos que apoiam o governo Dilma Rousseff é fazer o que chamou de “uma oposição qualificada e consistente dentro do Congresso e nas ruas do Brasil”. “Não esperem de nós gestos incendiários mas também não esperem complacência, corpo mole ou qualquer tipo de composição com um governo golpista que mancha a história do país”, acentuou o senador, que foi o último parlamentar do bloco governista a discursar durante a sessão.

Costa ainda destacou que o PT retornará ao Palácio do Planalto “pelo voto do povo, pela rampa da frente”. E acentuou que a alegria dos oposicionistas com o resultado é de hipocrisia e não se compara com a dos que, como os partidos que apoiam o governo Dilma, “ganharam quatro eleições sobre esses parlamentares”.

O senador Walter Pinheiro (sem partido-BA; deixou o PT em abril), não poupou críticas ao governo, mas contestou os oposicionistas que já davam início às comemorações antes mesmo da votação. Pinheiro lembrou que o PMDB é parte do governo que aí está, tinha o líder do governo no Senado até bem pouco tempo atrás e deve ser considerado responsável pela crise econômica e política. “Não só o PMDB como todos os partidos que tinham seus lotes na Esplanada dos Ministérios.”

Chances de reversão

O líder da Rede Sustentabilidade, senador Randolfe Rodrigues (AP), disse que o processo de impeachment não está definido. Defensor de novas eleições, Randolfe afirmou que o governo Michel Temer (PMDB) não tem legitimidade.

“Acho que tem chance de reversão. A presidenta teve 22 votos, desses poucos mudarão. Por outro lado, têm outras posições políticas que deverão mudar (de voto). Ainda tem a fase do exame de pronúncia, as alegações finais e o julgamento definitivo. Esse processo não se encerrou, dramática e traumaticamente, ele ainda não se encerrou”, argumentou.

O senador amapaense afirmou que o afastamento de Dilma por até 180 dias não é solução para a crise vivida pelo Brasil. “Não vejo o resultado de hoje como solução para a gravíssima crise política que enfrentamos. Saio no dia de hoje convencido de que a melhor alternativa para o país são novas eleições. Vou defender que essa campanha ocupe as ruas do país.”


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