Sem estratégia, PSDB esperou demais, dizem analistas

Cientistas políticos da Iuperj consideram pouco provável crescimento de Ciro Gomes ou uma chapa puro-sangue entre Serra e Aécio

São Paulo – Mais importante do que o nome, falta à oposição definir uma agenda clara e uma estratégia para a campanha eleitoral, analisa o cientista político Fabiano Guilherme Santos, professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj).

“Esses números (de recente pesquisa eleitoral, divulgado no fim de semana pelo instituto Datafolha) são uma manifestação dessa indefinição”, afirma. “Para o jogo democrático, seria importante que houvesse uma definição. Não está claro em torno de que agenda esses partidos (de oposição) estão se posicionando.”

Ele considera “preocupante” o fato de que, até agora, o PSDB não tenha manifestado claramente as suas propostas. “Não percebo uma estratégia clara, timing, algo definido, consensual, e uma estratégia programática.”

Para o cientista político, é pouco provável, pelo menos neste momento, que haja mudanças no processo eleitoral, que tende a se polarizar entre PT e PSDB na disputa pela Presidência da República. “Esses dois partidos têm se colocado de maneira mais competitiva, por vários motivos históricos. Mas isso não impede que haja pluralismo no país”, diz Fabiano Santos, citando as eleições para o Legislativo. “E a rigor, nenhum partido tem tido condições de governar sozinho.” 

O professor do Iuperj vê poucas chances de crescimento de uma eventual candidatura Ciro Gomes. “Pode ser um grande desperdício de energia. Será uma candidatura com pouco apoio partidário, com dificuldades para convencer os demais (partidos que apóiam o governo) de que realmente é a melhor alternativa dentro dessa coalizão”, avalia.

Já a cientista politica Argelina Cheibub Figueiredo, também professora do Iuperj, vê  o governador de São Paulo, José Serra, praticamente impelido a sair candidato. “Ele vai ter que ir para o sacrifício, o que não é uma boa imagem para o político”, diz. “Acho que ele esperou demais (para lançar a candidatura).”

Ao mesmo tempo, ela considera improvável a formação de uma chapa puro-sangue tucana, com Serra e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. “Não vejo uma combinação de estilos políticos entre os dois”, comenta, vendo ainda um risco para o PSDB, de “perder dois políticos eleitos” – Serra governador e Aécio senador.
No atual momento político, Argelina não descarta a possibilidade de uma definição já no primeiro turno. “Aí vai depender de quem forem os adversários. Mas se as coisas continuarem assim e o PSDB não se aprumar, pode acontecer.”