Rosângela Moro sai em defesa de Nikolas Ferreira, réu por transfobia, e ataca Jandira Feghali
“No mesmo dia em que torna-se réu por transfobia, Nikolas Ferreira cria um factoide atacando a deputada Jandira Feghali”, postou o deputado Rogério Correia
Publicado 22/09/2023 - 18h58
São Paulo – Na noite de ontem, a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP) saiu em defesa do também deputado federal extremista Nikolas Ferreira (PL-MG). A parlamentar e esposa do senador Sérgio Moro (UB-SP) foi ao Twitter e acusou a colega Jandira Feghali (PCdoB-RJ) de “quebra de decoro”, após uma discussão em que a parlamentar comunista chamou o bolsonarista de “moleque”. O bate-boca se deu durante o depoimento do blogueiro bolsonarista Wellington Macedo de Souza à CPMI do 8 de Janeiro.
No mesmo dia, Nikolas havia se tornado réu por transfobia, em decisão da Justiça mineira. Mais tarde, a esposa de Moro defendeu Nikolas: “Lembremos que @nikolas_dm, o ‘moleque’, pode ser jovem, mas foi o deputado mais votado da história, atacá-lo é atacar seus eleitores”, escreveu Rosângela Moro.
Também no Twitter, o deputado Rogério Correia (PT-MG) escreveu: “No mesmo dia em que torna-se réu por transfobia, Nikolas Ferreira cria um FACTÓIDE atacando a deputada @jandira_feghali, que teve seu direito de resposta negado (na sessão da CPMI). A verdade é que é crime, e por isso será punido, colocar nas suas redes foto de uma menor trans no banheiro da escola”, disse Correia (mantida grafia original da postagem).
O bolsonarista exibiu um vídeo em que a atriz Maria Flor disse que gostaria de agredir Jair Bolsonaro. Então, Nikolas acrescentou por provocação que Jandira é seguidora da atriz. A deputada então chamou Nikolas de “moleque”.
Denúncia do Ministério Público
A juíza Kenea Marcia Damato de Moura Gomes, da 5ª Vara Criminal de Belo Horizonte, acatou denúncia do Ministério Público de Minas Gerais e determinou que Nikolas vai responder um processo na Justiça por “incitar ao ódio às pessoas transexuais, caracterizando-se como um ataque à dignidade dessas pessoas”. A Promotoria pede a perda do mandato do deputado, suspensão dos seus direitos políticos e indenização.
Em fevereiro a Justiça mineira já havia aceitado outra denúncia contra o parlamentar. A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) entrou com ação por injúria racial, por Nikolas agredi-la no jornal Estado de Minas, em 2020. O deputado de extrema-direita foi condenado em abril, em primeira instância, a pagar R$ 80 mil a Duda Salabert.
Em junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal enquadrou homofobia e transfobia como crimes de racismo e deixou claro que sua decisão preenchia uma lacuna legal devido a omissão do Congresso Nacional.