Falta de comando

Rodrigo Maia diz que discutir impeachment de Bolsonaro será inevitável, ‘no futuro’

Presidente da Câmara engavetou mais de 50 pedidos de impeachment de Bolsonaro. E diz que Parlamento não pode se omitir em “situação tão drástica”

Antônio Cruz/ABR
Antônio Cruz/ABR
Maia: "Temos de focar no principal, que agora é salvar o maior número de vidas, mesmo sabendo que há uma desorganização e uma falta de comando por parte do ministério da Saúde”

São Paulo – O debate sobre o impeachment de Bolsonaro ganhou força com a crise causada pela falta de oxigênio para os doentes de covid-19 na rede de saúde de Manaus, que veio à tona nesta quinta-feira (14). No entanto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) continua firme no esforço de manter engavetados os mais de 50 pedidos que foram apresentados por partidos políticos, entidades e cidadãos.

“Eu acho que esse tema de forma inevitável será discutido pela casa no futuro. Temos de focar no principal, que agora é salvar o maior número de vidas, mesmo sabendo que há uma desorganização e uma falta de comando por parte do ministério da Saúde”, disse hoje (15).

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que se reuniu com Maia e o candidato à presidência da Câmara Baleia Rossi (MDB-SP), chegou a defender mobilizações pela saída de Bolsonaro. Questionado se “permitiria” manifestações de rua, Doria afirmou não ser o momento. Mas, em dia em que cresceu nas redes a mobilização nas redes pelo impeachment de Bolsonaro, com panelaço marcado para as 20h30, contra Bolsonaro, afirmou ser favorável a uma mobilização ampla. E classificou Bolsonaro como “facínora”, pela conduta omissa em meio às milhares de mortes pela covid-19.

“Reaja Brasil, reaja Congresso Nacional, reajam governadores, reajam prefeitos, reajam dirigentes sindicais, reajam formadores de opinião. Ampliem a reação da imprensa, um dos poucos segmentos do país que tem se mantido a contrapor-se ao facínora que governa o país”, disse. “Um governo sem rumo, sem plano, sem meta e, principalmente, sem coração. Será que o Brasil, que já se mobilizou nas ruas pela mudança das Diretas Já, outros movimentos cívicos importantes, vai continuar e não vai reagir?”

Maia e Doria

Mais cedo, por meio das redes sociais, Maia anunciou ter pedido ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP) a convocação da Comissão Representativa. O objetivo seria discutir “a tragédia que está acontecendo em Manaus” e também todo processo que envolve a vacinação no país. “É mais do que urgente que o Parlamento esteja de portas abertas, trabalhando para encontrar soluções para essa situação tão drástica e urgente. Não podemos nos omitir!”

Maia esteve em São Paulo em agenda com o governador João Doria (PSDB). Em disputa política com Bolsonaro, que passou a chamá-lo de “calcinha apertada”, Doria pediu que o Congresso e à sociedade reajam ao “genocídio” em curso. Sob o descaso do governo federal, o Brasil tem mais de 208 mil mortos por covid-19.

“Li uma manifestação do presidente Jair Bolsonaro dizendo ‘fiz tudo o que estava ao meu alcance, o problema agora é do estado do Amazonas e da Prefeitura de Manaus’. Inacreditável. Inacreditável. Em outro país isso talvez fosse classificado como genocídio. É um abandono aos brasileiros”, disse Doria, se referindo à declaração de Bolsonaro pela manhã.

Redação: Cida de Oliveira
Edição: Paulo Donizetti de Souza


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