Democracia

Relatório do 8 de janeiro é aprovado. Depois de pedir CPMI, bolsonaristas protestam

Parlamentares da oposição não aceitaram resultado final da comissão que eles mesmos queriam instalar. “Democracia venceu a barbárie”, afirmou relatora

Marcos Oliveira/Agência Senado
Marcos Oliveira/Agência Senado
Para Randolfe Rodrigues, relatório é 'documento para a história' após tentativas de ruptura da democracia

São Paulo – Por 20 votos a 11, com uma abstenção, a CPMI do 8 de Janeiro aprovou o relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que pede o indiciamento de 61 pessoas, entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o que dependerá de instituições como o Ministério Público Federal, entre outras. A sessão desta quarta-feira (18) durou aproximadamente sete horas, com protestos de bolsonaristas. Justamente os que defenderam a instalação de uma comissão de inquérito para apurar responsabilidades sobre os ataques às sedes dos três poderes.

No encerramento de cinco meses de atividades, o presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), sem entrar no mérito do parecer, enalteceu o trabalho da relatora. E preferiu discursar pela democracia, afirmando ter certeza que nenhum integrante da comissão foi favorável ao que aconteceu no inicio do ano. “É muito importante que a gente não esqueça o 8 de janeiro, como aquilo que nós não queremos”, afirmou a jornalistas minutos após declarar encerrada a tumultuada sessão.

Intolerância aos ataques

Do lado bolsonarista, sobraram palavras como “falseta” e “conspiração contra os patriotas”, além de gritos de “vergonha”. Foram apresentados dois votos em separado, que não chegaram a ser apreciados: da bancada de oposição e do senador Izalci Lucas (PSDB-DF). O dele tinha 2.576 páginas, quase o dobro do parecer aprovado (1.333). Alguns queriam o indiciamento, por suposta omissão, do ministro Flávio Dino e até do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para Eliziane, o Congresso deu hoje “uma resposta de intolerância a atos antidemocráticos e uma demonstração de que a democracia venceu o fascismo, venceu a barbárie”. Parlamentares iriam fazer uma caminhada até a Praça dos Três Poderes para celebrar o resultado. “Não vamos permitir que o 8 de janeiro se repita”, afirmou a senadora.

Maia pede fair play

Arthur Maia também tentou um apelo à conciliação, em meio à gritaria. “Precisamos internalizar o conceito da democracia. Precisamos entender que o contraditório faz parte da vida política. Na política tem que existir o fair play“, disse o deputado. “A Constituição brasileira impõe a cada dia a necessidade de pactuarmos. Foi assim que fizemos a nossa Constituição.”

Ao responder às contestações da oposição, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que “a verdade já começou a prevalecer” com a aprovação do relatório, que ela chamou de “ode à democracia”. “Sem anistia para golpista”, acrescentou.

Para o líder do governo , senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), o relatório é um “documento para a história” após tempos que ele classificou de tortuosos. “O 8 de janeiro foi corolário de um processo de ruptura da democracia brasileira.”


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