Reação do Congresso

Randolfe confirma ‘CPI do Terrorismo’ no Senado. Câmara também se mobiliza

Objetivo é investigar os financiadores dos atos terroristas em Brasília, além da eventual participação de políticos. Bolsonaro deve ser um dos alvos, diz deputado

Pedro França/Agência Senado
Pedro França/Agência Senado
Dependências do Senado e da Câmara foram destruídas por vândalos bolsonaristas

São Paulo – O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou nesta segunda-feira (9) que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os atos de terrorismo desse domingo (8), em Brasília, já tem o número mínimo de assinaturas para ser instaurada no Senado. Até o momento, o pedido de CPI já tem o apoio de 31 senadores, superando as 27 assinaturas mínimas necessárias. O pedido para a instalação da comissão é de autoria da senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS).

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), convocou para hoje uma sessão extraordinária do Congresso Nacional. Deputados e senadores analisarão o decreto presidencial que instituiu intervenção federal na Segurança Pública do Distrito Federal. Nesse sentido, a expectativa é que o pedido de CPI também possa ser votado na mesma sessão.

Além disso, Randolfe disse que há a possibilidade de suspender o recesso parlamentar para “instaurar de imediato” a CPI do Terrorismo. “Garanto que a CPI será instalada. O Congresso não recuará diante de golpistas”, disse o senador, em entrevista coletiva durante a manhã. “Vamos instalar a CPI do Terrorismo e do Dia da Infâmia”, completou.

“Ontem, as instituições foram atacadas, hoje as instituições vão reagir”, declarou o senador. “O que aconteceu ontem não foi um ataque a prédios, foi um ataque à democracia e à Nação brasileira”, acrescentou.

Pelo Twitter, Soraya Thronicke também confirmou que o requerimento alcançou as assinaturas necessárias. O objetivo é investigar principalmente os financiadores que estão por trás dos atos que culminaram com a destruição do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, pretendem identificar se houve a participação de parlamentares e outros políticos nessa invasão golpista.

Inclusive senadores que não estão na base de apoio ao governo Lula apoiam as investigações.

Na Câmara

Assim como no Senado, deputados também se mobilizam pela instalação de uma CPI para investigar os atos antidemocráticos. Pelo PT, os deputados federais Joseildo Ramos (PT-BA), Rogério Correia (PT-MG) e Natália Bonavides (PT-RN) lideram os esforços pela coleta de assinaturas. Ao mesmo tempo, a bancada do Psol também protocolou pedido de abertura de CPI para investigar quem são os organizadores e financiadores dos atos terroristas, e agora corre atrás dos apoios necessários.

Na Câmara, são necessárias 171 assinaturas para que a abertura de uma CPI. “O ideal é que a gente tenha uma CPI mista (Senado e Câmara”, disse Correia, em entrevista à revista Carta Capital. Ele ainda acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de ter relação com a tentativa de golpe neste domingo. Nesse sentido, Bolsonaro também será um dos alvos das investigações, e poderá ser responsabilizado. “A partir da orientação que ele fez em relação toda essa prática golpista, ele vai acabar preso”, disse o parlamentar. “É o único destino dele. Isso tem que ser feito e nós não podemos recuar”.

A possível responsabilidade de Bolsonaro não se limita ao Congresso. Em entrevista à Reuters, o ministro Gilmar Mendes, do STF, disse hoje que o ex-presidente tem “responsabilidade política” por não ter desestimulado os atos de violência que resultaram em invasões e depredações nas sedes dos dos Três Poderes. Ele descreveu os eventos ocorridos em Brasília como uma “tentativa de golpe”. E afirmou que as investigações, principalmente a partir das quebras de sigilo (bancário, telefônico e telemático), vão prosseguir em busca dos responsáveis.


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