Bandeira da paz

‘Radicalismo e ignorância ainda estão vivos e precisamos derrotá-los’, afirma Lula em Lisboa

Em encontro com a comunidade brasileira no Instituto Universitário de Lisboa neste sábado, presidente eleito falou sobre os movimentos contra a democracia. “Não queremos perseguição, violência, queremos um país em paz”

Aline da Costa Luz
Aline da Costa Luz
Lula: “Queremos muito pouco, apenas o que é essencial, o que está na Bíblia, na nossa Constituição, na declaração universal dos direitos humanos”

São Paulo –  O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu-se neste sábado (19) com a comunidade brasileira no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), em Portugal. No encontro, Lula discursou por aproximadamente meia hora e tocou na questão das mobilizações contra o resultado das eleições, com grupos que pedem intervenção militar e o retorno da ditadura no país, por meio de acampamentos em frente de quarteis e bloqueios nas estradas.  

“A democracia é tão grande que temos até um grupo de bolsonaristas gritando. A democracia não é um pacto de silêncio, ela é um movimento”, afirmou Lula em Lisboa. “A gente derrotou o Bolsonaro nas eleições, mas o radicalismo, ignorância e bolsonaristas ainda estão vivos e precisamos derrotá-los. E vamos derrotá-los sem usar os métodos que eles usaram contra nós. Não queremos perseguição, violência, queremos um país em paz”, disse.

“Queremos muito pouco, apenas o que é essencial, o que está na Bíblia, na nossa Constituição, na declaração universal dos direitos humanos”, destacou. “A gente não quer violência. O que queremos é um país em paz. Com perspectiva e oportunidade de sobrevivência. Todos nós queremos aquilo que é essencial. Queremos o direito de ter uma casa, criar nossas famílias bem, com escolas de qualidade. Ver nossos filhos na universidade.”

Responsabilidade fiscal

No evento, Lula também falou sobre a questão da responsabilidade fiscal diante da necessidade de combater a desigualdade e a pobreza. Esse tema marcou a semana, depois que o mercado financeiro interpretou que o combate à pobreza seria feito às custas da responsabilidade fiscal, o que repercutiu em queda da Bolsa e alta do dólar.

Mas não há contradição entre uma frente e outra, segundo Lula. “Sabemos que temos que ter responsabilidade. Não gastar mais do que a gente ganha. Mas eu também sei que temos que cuidar do povo mais pobre. E por isso eu digo pra vocês que nós vamos recuperar o Brasil.”

Lula também falou sobre o programa Farmácia Popular, que garante a distribuição de remédios para a população e foi alvo de desmonte do governo Bolsonaro. “Nós sabemos que o povo pobre vai no médico e pega receita para um medicamento, mas não tem dinheiro para comprar. Por isso nós vamos voltar a investir no Farmácia Popular.”

Outro tema, o protagonismo do país na política internacional, foi lembrado pelo presidente eleito. “Nós podemos fazer um país melhor, um mundo melhor. Podemos fazer o Brasil voltar a ser uma potência”, defendeu.

Contra um país elitista e de privilégios, Lula voltou a falar da importância do acesso à educação. “O ministro da Educação do atual presidente dizia que universidade não era para todos. Eu quero que os filhos da classe trabalhadora estudem. O investimento em educação é o mais extraordinário que um país pode fazer.”

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