Desmoronando

Por ‘farra de passagens’, Dallagnol pode se tornar inelegível

Tribunal de Contas da União contas entendeu que a Lava Jato poderia ter utilizado opções mais econômicas para custear procuradores e responsabiliza coordenador da força tarefa

Arquivo Agência Brasil
Arquivo Agência Brasil
Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba, no centro de mais um "enquadramento" pela Justiça

São Paulo – O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu por unanimidade nesta terça-feira (12) responsabilizar Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba, pelas despesas aos cofres públicos de cerca de R$ 2 milhões em diárias e passagens a procuradores da força tarefa. Segundo denúncia do Ministério Público ligado ao TCU, outras opções mais econômicas poderiam ter sido utilizadas por Dallagnol para custear a locomoção dos procuradores. O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e o ex-procurador-chefe do Paraná João Vicente Romã também foram responsabilizados.

De acordo com o parecer do relator Bruno Dantas, que foi acompanhado pelos demais ministros da Corte, há indícios para caracterizar ao menos três irregularidades, que são: “falta de fundamentação adequada para a escolha do modelo de locomoção; violação ao princípio da economicidade; e ofensas ao princípio da impessoalidade”.

Os procuradores recebiam a “ajuda” para trabalhar em Curitiba, como se estivessem em situação transitória, em vez de serem transferidos definitivamente para a capital do Paraná, onde a maior parte do trabalho era feito.

Sujando a ficha

No caso de Dallagnol, a decisão pode ter consequência grave para suas intenções pessoais. Caso o TCU decida condená-lo em novo julgamento, que deve ocorrer em 60 dias, ele poderá perder seus direitos políticos e ficar inelegível. O ex-procurador é pré-candidato a deputado federal pelo Podemos.

A possível candidatura do procurador, após múltiplas negações de que teria pretensões eleitorais, reforça a ideia de que a Lava Jato atuou como um partido político. Tanto a operação, quanto Deltan Dallagnol vêm sendo sucessivamente enquadrados pela Justiça.

Recentemente, o ex-coordenador da força tarefa foi condenado a indenizar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em R$ 75 mil, por dano moral. O caso envolve uma entrevista coletiva concedida pela Lava Jato em 2016 para apresentar a primeira denúncia contra Lula. O Ministério Público em Curitiba acusou o petista dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).

Na ocasião, Deltan usou uma apresentação de PowerPoint em que o nome de Lula aparecia no centro da tela, cercado por expressões por expressões pejorativas. Posteriormente, o ex-presidente foi inocentado nesta e nas demais denúncias apresentadas pela Lava Jato, todas por falta de provas.

Por sua vez, o então juiz da Lava Jato, Sergio Moro, foi declarado parcial em condenações contra Lula após conversas vazadas entre ele e Dallagnol, que apontam perseguição deliberada ao agora pré-candidato do PT à Presidência da República.

Com reportagem de Thayná Schuquel | Brasil de Fato – Redação RBA: Fábio M Michel


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