Foi golpe

Dallagnol anuncia saída do MP para entrar na política

Ex-coordenador da Lava Jato quer se lançar candidato a deputado federal, após conduzir, ao lado de Sergio Moro, processo fraudulento contra Lula que elegeu Bolsonaro

Fabio R. Pozzebom/Abr
Fabio R. Pozzebom/Abr
Depois de sabotar a democracia e as eleições de 2018, Dallagnol renuncia ao MP e deve disputar vaga na Câmara

São Paulo – Ex-coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol anunciou nesta quinta-feira (4) que vai renunciar ao cargo de procurador do Ministério Público Federal (MPF) para se lançar na política partidária. Ele está na instituição há 18 anos.

Sem detalhar seus planos, Dallagnol divulgou a decisão em vídeo publicado nas redes sociais. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, Dallagnol deverá seguir os passos do ex-juiz Sérgio Moro e se filiar ao Podemos. Sua intenção seria disputar uma vaga de deputado federal na eleição de 2022.

O agora futuro ex-procurador é personagem central da Lava Jato, cujas articulações ilegais entre o MPF e Moro levaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à cadeia e o tiraram da disputa presidencial em 2018. Por causa de sua atuação, revelada na série de reportagens que ficou conhecida como Vaza Jato, Dallagnol foi afastado da operação em setembro de 2020.

Por sua vez, Moro foi julgado suspeito e parcial por seu papel nas condenações sem crime contra Lula. Todas foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

PowerPoint

Com foco das investigações da Lava Jato nas administrações do PT, juntamente com a prisão “seletiva” de empresários e líderes políticos, a mídia elevou Dallagnol à condição símbolo do “combate à corrupção”. Ele foi o autor da famosa apresentação com PowerPoint feita em 2016 que tinha como objetivo incriminar Lula no processo do “triplex do Guarujá”, um dos que foi anulado pelo STF. A apresentação, inclusive, levou a defesa de Lula a entrar com uma representação contra o procurador no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

No caso da Vaza Jato, as conversas reveladas entre Deltan, Moro e vários de seus parceiros da força-tarefa do MPF em Curitiba mostraram que o então promotor antecipou o teor de acusações feitas contra Lula ao magistrado. Em troca, recebia orientações sobre como elaborar as denúncias, indicar pistas e até como treinar uma procuradora.

Amoral

Para observadores, o anúncio do ingresso do ex-coordenador da Lava Jato na política partidária comprova que a Lava Jato foi usada desde sempre como forma de interferir no processo eleitoral brasileiro e tirar do povo brasileiro a opção de votar em Lula.

A repercussão entre políticos do campo progressista e movimentos sociais reflete a repulsa à conduta daquele que, junto com Sergio Moro, foi tratado como símbolo de moralidade pela mídia tradicional. “Depois do Moro, Deltan Dallagnol também “entra’ para a política e desmoraliza de vez a Lava Jato. Lula avisou que ia provar que eles são mentirosos”, escreveu o deputado federal Helder Salomão (PT-ES).

Por sua vez, o ativista Rodrigo Pilha, que passou cerca de quatro meses no Presídio da Papuda, em Brasília, como preso político por protestar contra o governo Bolsonaro, também mostrou indignação. “Moro na política , Deltan na política… Só falta o Marcelo Bretas! Há anos que eu falei: nunca foi sobre combater a corrupção. A Lava-Jato era uma organização política e criminosa!”


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