Armação

PM diz que recebeu ordens para bloquear Avenida Paulista

Mesmo com poucas dezenas de pessoas na principal via da cidade, trânsito foi bloqueado, causou caos na cidade e alimentou noticiário sobre 'clamor popular'

Elaine Patrícia Cruz/Agência Brasil

Manifestantes protestam contra a nomeação do ex-presidente Lula ao cargo de ministro da Casa Civil

Outras Palavras – Às 6h30 de hoje (17), quando começa o horário de pico no trânsito em São Paulo, a Polícia Militar estava ativamente empenhada em criar, numa das principais avenidas da cidade, situação de caos.

Diante do prédio da Federação das Indústrias (Fiesp), na Avenida Paulista havia, ao máximo, trinta manifestantes que lá passaram a noite. No entanto, três viaturas da PM mantinham o trânsito bloqueado, desviavam o fluxo de veículos para as ruas laterais e criavam um enorme engarrafamento.

Em entrevista, o tenente que comandava a operação, do 1º Batalhão de Trânsito, foi claro e objetivo. Ele, que respondeu às perguntas com cortesia, afirmou que há “cinquenta manifestantes” e que, mesmo assim, recebeu ordens para bloquear as duas pistas da avenida. Trata-se da mesma PM a quem se ordena, tantas vezes, a reprimir brutalmente manifestações maciças e pacíficas, nesta mesma avenida.

Exceto pelo tráfego, não havia sinal de tensão no ar. As pessoas caminhavam normalmente pela avenida. Porém, a “paralisação”, como se previa foi martelada repetidamente na TV desde as primeiras horas da manhã, para sugerir que a posse de Lula provoca “clamor popular”.

Josias Lech, assessor da SPTrans/CET, órgãos que regulamentam o trânsito na cidade, subordinados à secretaria municipal de Transportes, confirma que o fechamento foi determinado pela PM.

Por volta das 5h30, tinha 50 pessoas lá remanescentes de ontem e desde esse horário tentamos negociações com PM para abrir, mas nas três tentativas esbarrou no alvoroço do turma e do impulso da imprensa que está lá presente a noite toda ‘cobrindo o ato e os manifestantes’. Assim a PM está se declarando sem “forças” para tirar pessoal e liberar para ônibus. Portanto, quem fecha e abre ruas nessas circunstâncias é a PM e não a CET”, relata Lech.

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