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PGR denuncia o primeiro financiador do 8 de janeiro

Morador de Londrina (PR) financiou quatro ônibus para o transporte de dezenas de pessoas à capital federal e também incitava o golpe em grupos de mensagens virtuais

Marcelo Camargo / Agência Brasil
Marcelo Camargo / Agência Brasil
Além do transporte, financiador também se empenhou em custear a alimentação dos golpistas

São Paulo – A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou nesta quinta-feira (14), a primeira denúncia contra os financiadores dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O primeiro denunciado é morador de de Londrina (PR). De acordo com a PGR, ele cometeu cinco crimes ao oferecer auxílio material e moral ao grupo que invadiu as sedes dos três poderes, em Brasília. 

As provas enviadas ao STF apontam que o denunciado teria fretado quatro ônibus para o transporte de dezenas de pessoas à capital federal. Os gastos com o translado dos golpistas totalizaram R$ 59,2 mil. Além de financiar os deslocamentos, o denunciado foi acusado de participar da organização e arregimentação de pessoas para a prática dos atos.

Conforme a peça da acusação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), “o homem teria participado ativamente de grupos de mensagens virtuais”. “O objetivo era incitar a população e as Forças Armadas para não só contestar o resultado das eleições de 2022, como destituir o presidente eleito.”

Ele deve responder por associação criminosa armada; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima, além de deterioração de patrimônio tombado. Somadas as penas máximas passam de 30 anos de reclusão.

Logística

No início de janeiro, por exemplo, ele enviou mensagem informando que alguns ônibus sairiam de Londrina no dia 6 de janeiro, para uma “tomada” do Congresso Nacional. Além disso, demonstrava empenho no intento golpista de 8 de janeiro, participando da arrecadações para pagar despesas, inclusive de alimentação, dos golpistas que partiram para a capital federal.

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“Conforme a denúncia, de forma consciente e voluntária, o denunciado fretou os quatro veículos, apresentou à empresa contratada os dados de 108 passageiros. Com o avanço das investigações, ficou comprovado que boa parte dessas pessoas efetivamente embarcou nos veículos rumo a Brasília. Entre os passageiros dos ônibus fretados pelo denunciado, estava Orlando Ribeiro Júnior, preso em flagrante no Palácio do Planalto no momento da depredação”, informou a PGR.

Danos milionários

Responsável pela denúncia, o subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, coordenador do Grupo Estratégicos dos Atos Antidemocráticos (GCAA), pontua que as invasões e depredações causaram prejuízos aos cofres públicos que, até o momento, R$ 3,5 milhões no Senado, R$ 2,7 milhões na Câmara dos Deputados, mais R$ 9 milhões no Palácio do Planalto, apenas em relação às obras de arte, e R$ 11,4 milhões no Supremo Tribunal Federal. Além disso houve danos inestimáveis em bens históricos.

Até o momento o GCAA denunciou 1.413 pessoas, divididos em 1.156 incitadores, 248 executores, 8 agentes públicos e um financiador.