Controvérsias

PGR defende que lista de investigados da Abin paralela de Bolsonaro não seja divulgada

Paulo Gonet afirma que eventual vazamento da “Abin paralela” poderia prejudicar as investigações em curso, que estão sob segredo de Justiça

Edilson Rodrigues/Agência Senado
Edilson Rodrigues/Agência Senado
"Além disso, o arrolamento dos eventuais alvos monitorados irregularmente pelo órgão de inteligência não foi concluído", acrescentou Gonet

São Paulo – O procurador-geral da República, Paulo Gonet, posicionou-se contrariamente à divulgação da lista de pessoas monitoradas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Investigação corrente aponta irregularidades durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no escândalo que ficou conhecido como “Abin paralela”. Gonet defendeu a não divulgação “neste momento”. Ele argumentou que eventual vazamento poderia prejudicar as investigações em curso, que estão sob segredo de Justiça.

“Além disso, o arrolamento dos eventuais alvos monitorados irregularmente pelo órgão de inteligência não foi concluído”, acrescentou Gonet.

O pedido para a divulgação da lista veio de advogados do Grupo Prerrogativas, que alegam ser necessária para garantir a reparação dos direitos fundamentais à intimidade, vida privada e proteção de dados das pessoas monitoradas. O caso estava sob responsabilidade do ministro Luís Roberto Barroso, mas foi redistribuído para Alexandre de Moraes por prevenção, uma vez que ele é o relator de outros processos relacionados ao tema.

Investigações da Abin paralela

Dentre os alvos das investigações da Polícia Federal está Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente. As buscas e apreensões aconteceram na residência de Carlos, em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio, e também em uma casa em Angra dos Reis, onde ele estava com sua família, incluindo Jair Bolsonaro.

De acordo com as investigações da PF, Carlos Bolsonaro recebia informações sobre inquéritos em andamento, inclusive da Polícia Federal. Além disso, os agentes também apuram se a Abin produzia dossiês para atender aos interesses de Carlos.

Fala de Gonet

O argumento da PGR para não divulgar a lista tem base no fato de que as investigações estão em andamento e sob sigilo. “Embora tenha ocorrido o levantamento do sigilo de alguns documentos relativos ao caso, as investigações continuam em andamento. Além disso, tramitam em caráter sigiloso, de modo que o compartilhamento de informações sensíveis neste momento pode comprometer o resultado da apuração”, explicou Gonet.