Sob suspeita

PF investigará mudança de domicílio eleitoral de Tarcísio de Freitas para São Paulo

Pedido de investigação foi feito pela Promotoria Eleitoral de São José dos Campos (SP) após “diversas denúncias” que revelaram que o pré-candidato ao governo de São Paulo não mora no imóvel que indicou à Justiça Eleitoral

Marcelo Camargo/ABr
Marcelo Camargo/ABr
Tarcísio de Freitas apresentou à Justiça Eleitoral um imóvel em bairro nobre de São José dos Campos. Porteiro do prédio afirmou que o apartamento em questão estava desocupado e em reforma

São Paulo – A Polícia Federal investigará o domicílio eleitoral do pré-candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Infraestrutura do governo de Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) ao jornal Folha de S. Paulo, houve “diversas denúncias e representações” após a divulgação, em 17 de junho, de que Tarcísio não mora em imóvel na cidade de São José dos Campos, no interior paulista, que havia indicado à Justiça Eleitoral. 

O pedido de investigação foi feito pela Promotoria Eleitoral de São José dos Campos. Segundo o órgão, as apurações têm prazo de um mês, mas podem ser prorrogadas a critério da autoridade policial. O caso passou a ser apurado pela PF porque a Justiça Eleitoral, em sua natureza, é federal, conforme destaca o veículo. 

As denúncias sobre o domicílio eleitoral do pré-candidato, apoiado por Bolsonaro, ganharam fôlego após o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) considerar irregular a transferência do título de eleitor do ex-juiz e também ex-ministro de Bolsonaro, Sergio Moro. A decisão barrou a candidatura de Moro pelo estado. No caso de Tarcísio que nasceu no Rio de Janeiro e vivia em Brasília, o ex-ministro apresentou à Justiça Eleitoral um apartamento em bairro nobre de São José dos Campos que teria alugado diretamente de seu cunhado. 

Apartamento está desocupado

A documentação informada indica que o contrato de aluguel foi assinado em setembro de 2021. Pela legislação, é preciso ter residência mínima de três meses no novo domicílio para a transferência do título de eleitor. O pré-candidato fez a alteração do documento, antes registrado em Brasília, em janeiro deste ano, dentro do prazo. No entanto, no mês passado, reportagem da Folha foi até o imóvel e ouviu do porteiro que o apartamento estava desocupado, em reforma. 

O caso motivou “diversas denúncias”, segundo o MP. Uma delas do pré-candidato a deputado estadual Renato Battista (União Brasil) e integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) que acusou o ex-ministro de fraude. “É claro que qualquer brasileiro pode vir a residir em São Paulo e, uma vez fixando residência, concorrer a um cargo eletivo representando o povo paulista ou o estado. O que não é possível é que um cidadão que aqui não reside simule uma residência —muitas vezes alugando um imóvel às pressas— apenas para concorrer a um cargo público”, afirmou em sua representação.

Tarcísio alega que “em razão dos diversos compromissos profissionais e de pré-campanha”, “tem mantido base na capital, pois precisa se desloca constantemente por todo o estado de São Paulo”. O pré-candidato também destaca que seus familiares vivem há mais de 20 anos na cidade do interior paulista.

Vínculo questionado

Ainda no mês passado, o MP havia arquivado outro questionamento sobre a falta de vínculos do pré-candidato com o estado de São Paulo. O TRE-SP também chegou a rejeitar um pedido protocolado pelo presidente do Psol, Juliano Medeiros. O dirigente solicitava a apuração de “irregularidades nas operações do cadastro eleitoral” do ex-ministro da Infraestrutura com base na decisão do tribunal que barrou a candidatura de Moro por São Paulo.

Com o novo pedido, a questão do vínculo de Tarcísio de Freitas com São Paulo continua a ser explorada pelos adversários na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes.

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