Boatos

PF investiga, Dilma critica boato ‘criminoso’ e Caixa tenta tranquilizar usuários

Ministério do Desenvolvimento reafirma que pagamento do Bolsa Família segue normalmente. No fim de semana, 900 mil sacaram R$ 152 milhões, 7,6% do total para maio

No Rio de Janeiro, movimento ficou acima do normal e em algumas agências a Caixa reforçou o atendimento

São Paulo – A Polícia Federal entrou nas investigações sobre os boatos a respeito do fim do Bolsa Família, classificados hoje (20) pela presidenta Dilma Rousseff como um fato “criminoso” e “desumano”. Durante todo o dia, a Caixa Econômica Federal, responsável pelo pagamento dos benefícios, tentou tranquilizar a população desmentindo as notícias surgidas de forma anônima no fim de semana.

“Colocamos a Polícia Federal para descobrir a origem de um boato que tinha por objetivo levar a intranquilidade para milhões de brasileiros que nos últimos dez anos estão saindo da pobreza”, anunciou Dilma durante o início da operação do navio petroleiro Zumbi dos Palmares, em Ipojuca, Pernambuco, um dos estados que concentram maior número de beneficiários. “Nós temos muito orgulho de ter conseguido que todos esses 36 milhões de brasileiros recebam o mínimo de renda e quero dizer para vocês que esse dinheiro do governo é sagrado. Nós iremos garantir sempre esse recurso, enquanto for necessário e enquanto tiver algum brasileiro vivendo abaixo da linha da pobreza.”

Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Social, que na véspera havia condenado o boato, reafirmou que o pagamento segue normalmente, com prazo até o último dia deste mês, como sempre, para o saque dos valores. O MDS informou que 13,7 milhões de famílias têm direito ao rendimento médio de R$ 151,09, num total de R$ 2 bilhões.
Também em nota, a Caixa garantiu que o movimento das agências foi normalizado hoje, com atendimento sendo iniciado mais cedo e deslocamento de empregados para as salas de autoatendimento. No fim de semana, diz o banco, foram realizados cerca de 900 mil saques do Bolsa Família, com a liberação de R$ 152 milhões, 7,6% do total.

A superintendente regional do banco no Rio de Janeiro, Nelma Souza Tavares, disse que a maior parte foi às agências durante a parte da manhã. “Soubemos do boato no fim de semana e houve muita procura nas agências de algumas cidades, como da Baixada Fluminense e do município de São Gonçalo, no Grande Rio. Hoje ainda teve uma procura grande, com muitos beneficiários indo pessoalmente às agências, mas o movimento já está menor. Esperamos que amanhã esteja normalizado. Todos os funcionários foram orientados para dar as explicações sobre o boato aos beneficiários que buscaram as agências para tirar dúvidas”, disse Nelma.

Segundo o banco, em algumas agências de alguns estados foi registrado um movimento maior que o habitual durante a manhã de hoje (20), mas nenhum tumulto. Ainda de acordo com a assessoria, as pessoas continuam buscando informações sobre o benefício, mas a tendência é que o movimento se normalize à medida que as pessoas souberem que houve um mal-entendido.

Os boatos repercutiram também no Congresso. “É óbvio que, neste momento, todos nós, oposição e situação, temos que reconhecer que foi uma situação gravíssima. A concentração e a invasão de prédios poderiam ter causado a morte de várias pessoas no final de semana”, disse o senador Jorge Viana (PT-AC), que saudou a decisão do governo de pedir à Polícia Federal a investigação do crime.

Já a oposição criticou a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que postou em seu perfil no Twitter a afirmação de que o boato “deve ser da central de notícias da oposição”. O primeiro a atacá-la foi o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP): “Um ministro de Estado tem obrigação funcional, ética, moral e política da circunspecção, do cuidado com as palavras ao emitir opinião. Especialmente opinião sobre o papel da oposição no Brasil”.

José Agripino (DEM-RN) observou que a oposição divulgar um boato desse tipo seria uma “burrice”. “Chega a passar pela minha cabeça, não estou acusando, se não terá sido um ato do próprio governo para se vitimizar”, ironizou.