Repercussão

Para parlamentares, carta de Dilma busca diálogo e alerta: golpe ameaça democracia

'Ela fala com a sociedade sobre a quebra da democracia e da Constituição, fala do golpe e diz que só povo tem poder para decidir sobre o futuro do Brasil', diz deputado Paulo Teixeira

Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Deputado Paulo Teixeira ressalta que, em sua mensagem, Dilma “foi na direção dos movimentos sociais”

São Paulo – O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) recebeu a carta da presidenta afastada  Dilma Rousseff “Ao Senado Federal e ao povo brasileiro” como uma mensagem que estabelece um “duplo diálogo” e se aproxima dos movimentos sociais. “Em primeiro lugar, ela toca fundamentalmente na quebra da ordem democrática e diz que o Senado não pode substituir a população brasileira. Em segundo, assume seus compromissos com ‘nenhum direito a menos’ ao retomar à Presidência”.

Para Teixeira, a mensagem estabelece um diálogo claro com a sociedade brasileira ao mencionar “nenhum direito a menos”. “Ela fala com a sociedade sobre a quebra da democracia e da Constituição, fala do golpe, e diz que só o povo tem poder para decidir sobre o futuro do Brasil. E com o Senado faz a reflexão de que ele não pode substituir o povo, os 200 milhões de brasileiros que participaram da eleição”, avalia.

Para o parlamentar, a mensagem de Dilma “foi contundente” ao destacar os direitos e garantias individuais e coletivos diante do atual cenário de ameaças  pelo governo interino. “Ela está dialogando com os movimentos sociais. O retorno dela vai representar a manutenção das conquistas diante de Temer, que, pelo golpe, quer retirar direitos. Ela foi na direção dos movimentos sociais”, diz Teixeira.

Em sua página no Facebook, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) destaca que, com a carta, “Dilma assume compromisso com a realização de plebiscito para convocação de novas eleições”. O partido da senadora foi o primeiro a defender essa saída para superar a crise, desde que Dilma volte à presidência. A senadora amazonense ressalta a passagem em que a presidenta afastada afirma que “a democracia é o único caminho para construção de um pacto nacional para sairmos da crise pelo desenvolvimento e justiça social”.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) escreveu no Twitter: “Bonita carta da presidenta Dilma. Espero que a esquerda não a critique por defender plebiscito e antecipar eleições”.

Em entrevista ao blog Conversa Afiada, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou que Dilma “tenta estabelecer uma ponte do Executivo com o Congresso Nacional” e resume a mensagem dizendo que a petista “faz um apelo contra a quebra na democracia”. “Deixa claro que, até aqui, o impeachment era um artifício para utilizar um dispositivo constitucional; mas, na medida em que se prova à exaustão que não há crime de responsabilidade, o impeachment se transforma num golpe contra a democracia e a presidenta da República”.

Requião ressalta também a busca por diálogo na mensagem. “Ela, na verdade, abre uma porta, se propõe ao diálogo”.

O senador ressalva que a carta não “aprofunda as medidas econômicas” que poderiam ser adotadas caso Dilma volte ao governo. “A carta se baseia, fundamentalmente, na defesa do processo democrático e da injustiça que cometem contra uma presidenta que não cometeu crime – e a vontade de retomar o desenvolvimento brasileiro em parceria com a sociedade civil”, diz Requião.

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