pela democracia

Vannuchi: ‘Abriram-se avenidas para ampla reorganização dos setores progressistas’

Queda nas manifestações da direita e insatisfação generalizada com PL da terceirização abre caminho de diálogo com as bases sociais. Para analista, Jornada pela Democracia é modelo a ser seguido

Márcia Minillo/RBA

Perda de fôlego se deve, em parte, à estridência dos que pedem o retorno do militares

São Paulo – O analista político da Rede Brasil Atual, Paulo Vannuchi, classifica a Jornada pela Democracia, realizada ontem (13), em contraponto às manifestações da direita, “uma experiência muito positiva”. “Não cabe mais os movimentos sociais, sindicatos, nossas redes de comunicação e lideranças partidárias ficarem em casa, dispersas, sofrendo, ligando a TV, em uma atitude depressiva e de imobilidade”, diz o analista, a respeito das manifestações conservadoras, que pedem o retorno da ditadura e o desrespeitam o voto popular.

Sobre as discussões desenvolvidas na Jornada, diz que não tinham caráter “oficialista”. “Tinha gente que é contra Dilma, que não gosta do PT, mas entende que há uma unidade básica e prioritária em defesa da democracia e em defesa dos direitos.”

Sobre a manifestação da direita, diz que podia ter sido do mesmo tamanho, ou maior. “Não foi. Foi um terço do que foi um mês atrás.” Para ele, a perda de fôlego se deve, em parte, à estridência dos que pedem o retorno do militares, que, por exemplo, assediaram como um ídolo, Carlinhos Metralha, principal comparsa de Sérgio Paranhos Fleury, uma das figuras mais obscuras da repressão.

Segundo Vannuchi, isso cria “um problema para os grandes articuladores externos, como a Rede Globo e o PSDB”, que também foram atacados pelos manifestantes, por conta da posição “ambígua”.

A aprovação, na semana passada, do Projeto de Lei 4.330, que prevê a terceirização “ampla, geral e irrestrita”, segundo o analista, reaglutina as bases de trabalhadores, nas empresas, bancos, unidades do comércio, nas montadoras, em resistência “contra contra essa avalanche reacionária, que tem Eduardo Cunha (presidente da Câmara dos Deputados) como o principal ator”.

Frente a tal quadro, Vannuchi afirma que o bloco progressista, que majoritariamente apoia Dilma, precisa pensar muito bem na estratégia para os próximos momentos: “Abriram-se, de novo, avenidas para uma ampla reorganização, desde que bem feita, com cuidado e responsabilidade”.

O comentarista critica “chamados rápidos”, como a convocação de greve geral para a próxima quarta-feira (15), convocada pela CUT, contra o PL da terceirização, e ressalva que este é um instrumento da classe trabalhadora, que só deve ser aplicado em momentos “especiais e especialíssimos” e com “preparo e comunicação”.

Ouça a entrevista completa da Rádio Brasil Atual: