Oposição a Arruda vai à CGU para evitar arquivamento de denúncias
Bancada petista qualifica de 'manobra' a ação da base do governo de garantir o controle das comissões que investigam denúncias na Câmara Legislativa
Publicado 12/01/2010 - 14h13
Manifestantes pediram a saída de Arruda em protestos em frente à Câmara na segunda-feira (11). Oposição vê medo de julgamento por parte dos governistas (Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil)
Os quatro integrantes da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) no Distrito Federal definiram, na manhã desta terça-feira (12), alternativas para tentar impedir o arquivamento das denúncias levantadas pela operação Caixa de Pandora. Para os oposicionistas, ao garantir a presidência e relatoria das comissões que analisam o afastamento de José Roberto Arruda (ex-DEM, sem partido), a base governista manobra para enterrar as investigações na Câmara Legislativa.
A principal medida anunciada é uma representação à Controladoria Geral da União (CGU) que pede uma análise dos contratos do governo do DF com empresas apontadas pela Polícia Federal. Um dos objetivos é a possibilidade de considerá-las como inidôneas, o que significaria suspender contratos e demandar novas licitações. A entrega do pedido ocorre na tarde desta terça.
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Documento de teor semelhante deve ser encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU). “Vamos atacar em todas as frentes”, avisa Érika Kokay, líder da bancada. O Ministério Público Federal, o Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (DNASUS) – nos contratos com a Secretaria de Saúde do DF -, e as entidades da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil, podem ser acionados. “É fundamental sair da esfera local, sujeita a influências, para que as investigações tenham resultados concretos”, encerrou a deputada.
O alvo são 30 empresas citadas na operação. Juntas, elas têm contratos de R$ 450 milhões, segundo a bancada petista. “É um absurdo que empresas como a Linknet continuem contratadas pelo governo local” disse Kokay. Ela criticou ainda os deputados distritais que aprovaram o orçamento de 2010 sem revisão nos contratos suspeitos.
Segundo a deputada, metade do orçamento do GDF será bancado por repasses federais, por meio do Fundo Constitucional do Distrito Federal e por transferências voluntárias, relativas a emendas da bancada federal do DF ao Orçamento da União. No caso da Operação Navalha, a construtora Gautama, citada pelo inquérito, foi qualificada como inidônea e perdeu os contratos públicos obtidos.
Comissão especial
Os petistas criticam outra decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Legislativa. Os governistas conseguiram aprovar uma espera pela decisão sobre a admissibilidade dos pedidos de afastamento de Arruda antes de iniciar os trabalhos da comissão especial prevista para a função.
“O parecer da Procuradoria da Casa previu a criação dessa Comissão, procedimento já testado em estados como o Rio Grande do Sul e o Maranhão”, explicou Chico Leite, membro efetivo da CCJ. “A Casa escolheu um procedimento híbrido, e o fato de a Comissão Especial ainda não ter sido instalada sugere medo de julgamento”, completou.
A Lei nº 7.106, de 1950, que define os crimes de responsabilidade e regula o processo de julgamento no âmbito federal, determina a eleição de uma comissão especial para analisar a denúncia recebida.
Com informações da Agência CLDF