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Odebrecht promete delação premiada e deve expor vícios do sistema político do país

Documentos apreendidos pela Polícia Federal na Odebrecht mostram possíveis repasses da empreiteira a mais de 200 políticos, com nomes e valores recebidos

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Carta Capital – Um dia após ser o principal alvo da 26ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na segunda-feira (21), o grupo Odebrecht anunciou uma “colaboração definitiva” com as investigações, fechando acordos de delação premiada de seus principais executivos, incluindo o ex-presidente Marcelo Odebrecht, preso desde junho de 2015.

Batizada de “Xepa”, a nova fase enfoca o suposto esquema de contabilidade paralela na Odebrecht, destinado ao pagamento de propinas e vantagens indevidas a terceiros. Segundo os investigadores, o “setor de operações estruturadas” era organizado de maneira profissional e armazenava dados referentes aos pagamentos ilícitos.

Documentos datados de 1988, porém, revelam indícios de que a contabilidade paralela e o pagamento de propina em troca de contratos com o poder público já faziam parte da prática da empreiteira há pelo menos 30 anos, segundo informações da reportagem do jornal O Globo.

As planilhas, alguma delas escritas à mão, circularam no departamento financeiro da empreiteira em Salvador e chegaram à força-tarefa da Lava Jato em Brasília no ano passado. Além de recibos de transações bancárias e remessas ao exterior, as planilhas contêm codinomes de políticos e valores ligados à obras públicas. As evidências, porém, não podem ser utilizadas como provas de corrupção dentro da empreiteira porque tratam-se de crimes já prescritos.

Além de Marcelo Odebrecht, outros quatro executivos pretendem fazer o acordo de delação: Márcio Faria e Rogério Araújo, ainda presos, e Alexandrino Alencar e Cesar Ramos, em liberdade.

Devido à possibilidade de as investigações atingirem também parlamentares incumbidos de realizar o processo de impeachment e da proximidade do ex-presidente do grupo Odebrecht com os governos Lula e Dilma, a tendência é que a delação de Odebrecht tenha potencial explosivo.

“Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Operação Lava Jato – que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país – seguimos acreditando no Brasil”, diz a nota oficial divulgada pelo grupo Odebrecht.

A empreiteira também deve fazer um acordo de leniência com o Ministério Público Federal, cujo valor da multa ainda está em negociação. Em seu acordo, a Andrade Gutierrez pagou R$ 1 bilhão.