Eleições 2022

No Jornal Nacional, Simone Tebet fala às mulheres e promete combater orçamento secreto

Candidata do MDB diz ter a “melhor equipe de economistas liberais” e acusa líderes do partido de tentar “puxar seu tapete”

Rede Globo/Reprodução
Rede Globo/Reprodução

São Paulo – A senadora e candidata à Presidência da República Simone Tebet (MDB-MS) voltou a prometer, no Jornal Nacional, da TV Globo, que metade dos ministérios de seu eventual governo será ocupada por mulheres. A candidata foi entrevistada pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcelos nesta sexta-feira (26).

Desde que passou a apresentar-se como candidata ao Planalto, a parlamentar definiu o eleitorado feminino como o principal público-alvo de sua campanha. “Mulher vota em mulher se souber que tem uma mulher competitiva, corajosa, que trabalha”, afirmou na entrevista. Ela também chamou a disparidade de gênero dentro “não só do meu partido, de todos os partidos” de “violência política”.

Ainda dentro de sua defesa de maior protagonismo feminino, juntamente com igualdade de direitos, a senadora destacou proposta de igualdade salarial entre homens e mulheres em todas as atividades econômicas.

Propostas

A presidenciável afirmou algumas vezes que as propostas de seu programa de governo para a economia do país estão sendo elaboradas pela “melhor equipe de economistas liberais” entre os concorrentes à Presidência da República.

Entre as políticas previstas, a bancada do Jornal Nacional questionou Simone Tebet sobre a promessa de criar uma poupança semelhante ao FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para os trabalhadores informais de baixa renda.

A candidata do MDB também defende um programa de transferência de renda permanente (o atual Auxílio Brasil), de R$ 600 mensais. Para tanto, disse que precisará antes furar o teto de gastos imposto pela EC 95, que limita gastos públicos.

Afirmou que uma das medidas que terá de tomar seria combater com o chamado orçamento secreto, pelo qual recursos da União são repassados para os congressistas, que destinam verbas para seus redutos eleitorais.

Classe média

Sobre política tributária, ela disse que vai propor a taxação de lucros e dividendos, que foi justificada por ela como forma de “abrir mais espaço para a classe média”, diminuindo a carga do Imposto de Renda sobre essa população.

Tebet também prometeu o pagamento de uma poupança para alunos da rede pública para diminuir a evasão escolar e estimular o desempenho. “Não falta dinheiro pra educação, falta vontade”, afirmou. “Não há trabalho e qualificação sem educação. É o que garante o aluguel e a comida na mesa”, acrescentou.

Por fim, também prometeu recriar o Ministério da Segurança Pública.

Caciques

Questionada no início de sua entrevista ao Jornal Nacional sobre corrupção, Simone Tebet afirmou que o MDB é “maior que meia dúvida de caciques”. Em seguida, discorreu sobre dificuldades que enfrentou da legenda para consolidar sua candidatura ao Planalto. “Tentaram puxar meu tapete. Tentaram levar o partido para (apoiar o ex-presidente) Lula, judicializaram minha candidatura (a ação de impugnação foi rejeitada).”

Simone entrou na corrida presidencial como mais um nome a representar a chamada terceira via, pela qual setores da sociedade tentam convencer o eleitorado a não votar nem em Lula nem em Bolsonaro. Antes dela, os candidatos da iniciativa foram o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) e o ex-governador João Doria (PSDB), que desistiram.

Além disso, ela enfrentou resistência de próprio MDB, já que uma ala do partido defendia apoio a Lula já no primeiro turno das eleições. Há ainda emedebistas que já declaram acertos com o presidente Bolsonaro, como o candidato ao governo do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que lidera as pesquisas locais.

Largada

A participação da senadora no telejornal encerrou a série que durante a semana recebeu os quatro presidenciáveis mais bem colocados na pesquisa Datafolha divulgada no final de julho. Pela ordem, definida por sorteio, foram entrevistados o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL, na segunda-feira), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT, na terça) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT, ontem).

Simone Tebet apareceu em quarto lugar naquela pesquisa, com 2% das intenções de voto. No levantamento seguinte, divulgado dia 18 deste mês, ela repetiu o percentual, ficando atrás de Lula (47%), Bolsonaro (32%) e Ciro Gomes (7%).