Acusado implora

Moraes manda PF ouvir delegado investigado por morte de Marielle

Apontado como um dos autores intelectuais do assassinato de Marielle, Rivaldo Barbosa pediu “pelo amor de Deus” para que fosse ouvido pelos investigadores

Fernando Frazão/Agência Brasil
Fernando Frazão/Agência Brasil
Segundo a acusação, Barbosa seria "peça-chave" tanto na execução quanto na proteção dos suspeitos que executaram Marielle

São Paulo – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (27) que a Polícia Federal (PF) colha o depoimento do delegado Rivaldo Barbosa, preso por suspeita de planejar o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco. O ministro deu prazo de cinco dias para que a PF realize a oitiva.

A intimação ocorreu após Barbosa enviar, da prisão, um bilhete implorando para depor. “Por misericórdia, solicito que V. Exa. faça os investigadores me ouvirem, pelo amor de Deus”, escreveu ele no verso de uma intimação que recebeu na semana passada.

O delegado está preso desde 24 de março, juntamente com os irmão Domingos e Chiquinho Brazão. No início do mês, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou os três como mandantes do assassinato de Marielle.

Neste domingo (26), o programa Fantástico, da TV Globo, exibiu trechos da delação do ex-policial militar Ronnie Lessa, um dos executores do assassinato de Marielle. Ele afirmou que a vereadora era uma  “pedra no caminho” para expansão de um negócio miliciano comandado pelos irmãos Brazão em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro. Além disso, relatou que Rivaldo Barbosa atuou para proteger executores e mandantes.

O delegado já havia pedido a Moraes para prestar depoimento há cerca de um mês. Na ocasião, ele disse que ainda não prestou depoimento mesmo após ordem judicial. Posteriormente, sua defesa questionou a credibilidade dos depoimentos de Ronnie Lessa na delação, que embasou a denúncia da PGR.

Os procuradores, por outro lado, afirmam que o delegado, que era chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, foi uma “peça-chave” para a consumação do crime. “Seu aval era parte indispensável do plano elaborado pelos irmãos Brazão. Ele detinha o controle dos meios necessários para garantir a impunidade do crime”.