Justiça amiga

Ministro do STF interrompe investigações contra Bolsonaro

André Mendonça pede vista em três processos que estavam sob análise do plenário virtual

Anderson Riedel/PR
Anderson Riedel/PR
Mendonça foi indicado para o cargo no STF pelo presidente Jair Bolsonaro

São Paulo – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça realizou pedidos de vista e interrompeu os julgamentos de recursos envolvendo três investigações abertas contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). Com isso, o julgamento é suspenso e não há nova data para que seja retomado. O relator das investigações, ministro Alexandre de Moraes, havia votado contra os recursos.

Os casos sobre Bolsonaro estavam sob análise pelo plenário virtual do STF (modalidade de julgamento em que os ministros registram seus votos no sistema do Supremo, sem que haja sessão para a leitura individual de cada posicionamento). No plenário virtual, não há discussão, apenas apresentação de votos.

Vacina contra a covid

Um dos casos envolve um recurso da Procuradoria Geral da República (PGR) contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes (relator dos três inquéritos) que determinou abertura de investigação a respeito da fala de Bolsonaro que relacionou a vacina contra a covid-19 ao risco de contrair HIV.

A PGR alegou que não atuou com “inércia” na investigação contra Bolsonaro e pediu que a PGR tenha a prerrogativa de manter as investigações atuais.

Moraes negou o recurso alegando que não foi apresentado “qualquer argumento minimamente apto a desconstituir entendimento da decisão agravada”.

Investigação da PF

Outro recurso que foi colocado em julgamento era da Advocacia Geral da União (AGU) contra decisão de Moraes que determinou que a Polícia Federal elabore e apresente um relatório sobre mensagens no âmbito do inquérito que apura a divulgação, por parte de Bolsonaro, de uma investigação da PF sobre um suposto ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A AGU alegou que Bolsonaro não vazou documentos sigilosos porque, no momento em que os autos foram divulgados pelo presidente nas redes sociais, os documentos ainda não estavam sob segredo de justiça.

Moraes negou com o argumento de que era “imprescindível a adoção de medidas que elucidem os fatos investigados, especialmente no que diz respeito à divulgação de inquérito sigiloso, que contribui para a disseminação das notícias fraudulentas sobre as condutas dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral e contra o sistema de votação no Brasil”.

Leia também: ‘Carta aos brasileiros’ supera 1 milhão de assinaturas no dia em que as ruas defenderam as urnas

O terceiro caso envolve dez recursos apresentados no chamado inquérito das “fake news”, que tramita sob sigilo. A polêmica investigação foi aberta pelo Supremo de ofício (ou seja, sem ser provocada pela Procuradoria Geral da República, por exemplo, como é de costume) para apurar a divulgação de informações falsas e ataques a ministros da Corte.

Como os recursos estão sob sigilo, o conteúdo do voto de Moraes não foi divulgado – sendo pública apenas a informação de que o ministro negou os recursos.


Com informações da CNN