NEGACIONISTA

‘Capitã Cloroquina’: Mayra Pinheiro deixa Ministério da Saúde

Médica acusada de crime contra humanidade será candidata a deputada pelo mesmo partido de Bolsonaro

Jefferson Rudy/Agência Senado
Jefferson Rudy/Agência Senado
Mayra foi alvo da CPI da Covid, apontada como integrante do "gabinete paralelo" do Ministério da Saúde

São Paulo – A médica Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina“, deixou a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde. A saída da profissional está publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (14). Mas a médica bolsonarista – conhecida pela defesa de medicamentos ineficazes para tratamento da covid-19 – segue no governo.

Ainda de acordo com o DOU, Mayra Pinheiro assumirá cargo de subsecretária da Perícia Médica da Secretaria de Previdência do Ministério do Trabalho e Previdência. Nas redes sociais, a médica anunciou que deve concorrer à Câmara nas eleições de outubro. No início deste mês, ela se filiou ao PL, o mesmo partido ao qual se juntou o presidente Jair Bolsonaro.

A ex-secretária foi um dos principais alvos da CPI da Covid, sendo apontada como integrante do “gabinete paralelo” do Ministério da Saúde. Em depoimento, ela admitiu que o Ministério da Saúde recomendou uso de cloroquina para tratar a covid-19, ainda que evidências científicas apontassem ineficácia do remédio.

A negacionista

Em 2021, Mayra Pinheiro também fez campanha nas redes sociais contra vacinação de crianças para proteção da covid, com aval da família do presidente Jair Bolsonaro. Ela postou texto dizendo que “não pode aceitar passivamente que crianças façam parte de um experimento científico motivado por ativismo político e interesse comercial”. Por isso, recebeu críticas da comunidade científica pelo posicionamento.

Além disso, Mayra fez também postagens em redes sociais defendendo manifestações pró-Bolsonaro que ocorreram no 7 de Setembro. O próprio presidente convocou os atos, com pautas antidemocráticas e ameaças a ministros do Supremo e ao Congresso.

Em janeiro, o Ministério Público do Distrito Federal decidiu abrir 12 ações distintas e independentes para investigar focos ou temas específicos do relatório da CPI da Covid-19 do Senado. Mayra foi denunciada por crime contra humanidade, entre outros, por sua atuação no auge da crise da pandemia em Manaus.

A Capitã Cloroquina esteve na capital amazonense para propagar e trabalhar pela utilização em massa do chamado kit covid pelos hospitais e médicos locais. Enquanto a representante do governo disseminava e fazia campanha oficial pelo uso de remédios sem eficácia contra o vírus, pessoas morriam por falta de oxigênio hospitalar na rede de saúde de Manaus.