Ação Penal 470

Lula diz que vai esperar fim de julgamento do mensalão para se posicionar

Ex-presidente apoia nota do PT que acusa STF de casuísmo jurídico e reitera que vai aguardar momento certo para tecer comentários

Thiago Bernardes/Frame/Folhapress

Ex-presidente disse esperar que seja dado a Genoino o direito legal ao regime semiaberto

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou hoje (18) que vai esperar o fim do julgamento da Ação Penal 470, o mensalão, para se posicionar sobre o caso. Durante rápida entrevista coletiva após participar de um evento sobre o Dia da Consciência Negra, na faculdade Zumbi dos Palmares em São Paulo, ele reiterou o que havia dito em entrevista à RBA: quando o Supremo Tribunal Federal (STF) encerrar os trabalhos em torno do tema, falará tudo o que pensa.

“Não faço julgamento das decisões da Suprema Corte. O PT soltou uma nota que condiz com a realidade de momento. Temos os embargos infringentes, ou seja, temos que aguardar para ver o que vai acontecer. Vou esperar o julgamento total porque tenho muita coisa para comentar e gostaria de falar sobre o assunto”, disse hoje.

Na sexta-feira, após a decretação da prisão do ex-ministro José Dirceu e do ex-deputado José Genoino, o PT emitiu nota acusando o presidente do STF, Joaquim Barbosa, de tomar uma decisão que fere o direito à defesa e se baseia em casuísmo jurídico. O partido reafirmou o teor do comunicado emitido após a condenação, argumentando se tratar de um “julgamento injusto, nitidamente político, e alheio a provas dos autos”.

O caso que mais tem preocupado militantes e dirigentes petistas é o de José Genoino, que sofre de pressão alta e de problemas cardíacos. Como a condenação é de seis anos e oito meses por corrupção ativa e formação de quadrilha, o fundador do PT tem direito ao regime semiaberto, mas passou o fim de semana detido. Além disso, dois anos e três meses da condenação ainda estão em aberto porque serão avaliados pelo STF no julgamento dos embargos infringentes. A respeito do colega, Lula disse que vai esperar que seja concedido a ele o direito ao semiaberto para definir se irá visitá-lo.

Já o Senador Eduardo Suplicy (PT) deixou a cerimônia mais cedo porque pretendia visitar o amigo na penitenciária da Papuda, em Brasília. Ele e o ex-ministro da Comunicação, Franklin Martins, afirmaram considerar as prisões injustas. “Quem julga também será julgado”, disse o jornalista.

“Acho que houve exagero, sim. Acho que se poderia ter dito mais cuidado com a saúde e respeito com as pessoas”,disse o Senador.

Aplausos

Durante a cerimônia, os petistas tiveram de enfrentar um pequeno constrangimento. O reitor da Faculdade Zumbi Palmares, José Vicente, lembrou que foi Lula o responsável pela indicação do primeiro negro à Suprema Tribunal Federal, o ministro Joaquim Barbosa, o que arrancou aplausos de pé da plateia. Lula permaneceu sentado, mas aplaudiu o discurso.

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