Crime compensa

Juiz libera assassino de Marcelo Arruda para cumprir prisão domiciliar

Justificativa usada por tribunal de Foz de Iguaçu foi “falta de estrutura do sistema penal para prestar atendimento médico necessário” , que passará o Dia dos Pais em casa

Reprodução/Redes Sociais
Reprodução/Redes Sociais
Aos gritos de “Aqui é Bolsonaro”, Guaranho invadiu a festa de aniversário de 50 anos de Arruda e o matou

São Paulo – A 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, decidiu na noite desta quarta-feira (10) que o agente penal federal Jorge Guaranho, assassino do dirigente do PT naquela cidade, Marcelo Arruda, irá para casa, onde ficará “preso” com tornozeleira eletrônica. A justificativa apontada foi que o sistema penal não teria estrutura e equipamentos necessários para abrigar o preso nas condições em que se encontra, após ter recebido alta médica do hospital em que estava internado.

O juiz Gustavo Arguello determinou que, com a alta, Guaranho fosse transferido para o Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, que respondeu não ter estrutura. O magistrado então disse que Guaranho permanecerá em casa “até que seja possível eventual remanejamento do réu para estabelecimento adequado, ainda que em outro Estado da Federação”.

“Não bastasse a absurda situação de se constatar a total incapacidade técnica do Estado em cumprir a ordem judicial que decretou a prisão preventiva do réu, tem-se a inacreditável omissão em comunicar tempestivamente a sua inaptidão. Criou-se, com tal demora, uma situação teratológica que estarrece: o réu encontra-se em alta hospitalar (aparentemente desde o início da tarde deste dia), todavia, não está inserido em nenhuma unidade prisional”, disse ainda Arguello na decisão.

Assassino político

No dia 20 de julho, o Ministério Público (MP) do Paraná apontou motivação política no assassinato de Marcelo Arruda, em 9 de julho, e informou que Guaranho seria denunciado por homicídio duplamente qualificado. Após provocar uma discussão na frente do local onde Marcelo Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos, cujo tema era Lula, ele invadiu o salão aos gritos de “Aqui é Bolsonaro”, e atirou duas vezes contra o dirigente petista, que era guarda municipal. Marcelo revidou e atingiu Guaranho com quatro disparos. O bolsonarista ficou internado por dez dias na UTI.

“E eu?”, diz filho de Marcelo Arruda

Em texto publicado nas redes sociais, o filho de Marcelo Arruda, Leonardo, demonstrou inconformismo com a decisão. “Após ter cometido tamanha barbárie e acabado com a vida de um pai de família, o assassino ficará em casa, curtindo o Dia dos Pais com seu filho, se ‘recuperando’. E eu? E nós, filhos de Marcelo? Seguimos em busca de Paz e Justiça, por Marcelo Arruda!”, escreveu.

“Através dessa nota, manifesto meu total desapontamento com a Justiça, as autoridades envolvidas e o Governo do Estado do Paraná. Neste dia 10 de Agosto, um mês do assassinato de meu pai, Marcelo Arruda, o Governo não se mostra preparado para receber um ‘preso’ em uma Clínica Médica Penitenciária por não conseguir oferecer estrutura suficiente e através do Juiz responsável permitindo a prisão domiciliar”.