Jornal de MG afirma que passagens de Amaury Jr. foram pagas por ‘O Estado de Minas’

Em duas reportagens, o 'Hoje em Dia' afirma que o jornal 'O Estado de Minas' usou um funcionário para custear as viagens do jornalista que investigava a vida fiscal de pessoas ligadas a Serra, a serviço de Aécio Neves

Aécio Neves disputava preferência do PSDB contra Serra (Foto: Walter Campanato/Abr/Arquivo)

São Paulo – Duas reportagens publicadas na noite da quinta-feira (21) pelo noticioso mineiro Hoje em Dia mostram que a quebra do sigilo fiscal de assessores e familiares do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, teve início em uma disputa interna dentro do partido tucano e que os custos das viagens do jornalista Amaury Ribeiro Jr. para obter os documentos foram indiretamente bancados pelo jornal “O Estado de Minas”, aliado do ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves.

Segundo o “Hoje em Dia”, que cita o inquérito da Polícia Federal como fonte, as viagens de Ribeiro Jr. foram feitas com passagens emitidas em nome de Marcelo Augusto de Oliveira, que é funcionário do “O Estado.” A matéria diz que “dezoito passagens emitidas em favor de Amaury, a última delas datada de 22 de dezembro de 2009, foram pagas em dinheiro ou faturada em nome do funcionário.” Os bilhetes foram emitidos pela agência de viagem Primus, de Belo Horizonte.

Segundo nota do “O Estado de Minas”, as viagens do jornalista pagas em nome da empresa aconteceram somente até julho de 2009. A partir de setembro, os custos passaram a ser contabilizados em nome do funcionário.

Em outra matéria, o “Hoje em Dia” conta com detalhes as razões que levaram o jornalista a investigar a vida fiscal de pessoas ligadas a Serra, afirmando que o dossiê contra o atual candidato foi tramado pelo “O Estado de Minas” e teria começado depois que o deputado Marcelo Itagiba, ligado ao tucano paulista, passou a levantar informações sobre Aécio Neves.

O que não convinha mostrar

A revista Carta Capital deste fim de semana confirma esta linha. A reportagem de Leandro Fortes indica que Ribeiro Jr. foi escalado, desde 2008, para trabalhar dentro do Estado de Minas a favor de Aécio Neves.

O então governador queria se blindar contra a campanha de espionagem comandada pelo deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) a pedido de Serra. O repórter aponta que a versão foi confirmada por Ribeiro Jr. após depoimentos contraditórios à Polícia Federal. Por fim, na terceira oitiva, o jornalista assumiu que fora escolhido para o serviço pelo diretor de redação do diário mineiro, Josemar Gimenez, muito próximo à irmã de Aécio.

De acordo com a PF, todas as quebras de sigilo na Receita Federal, ora atribuídos pela velha mídia ao PT, foram feitos entre setembro e outubro de 2009, quando os tucanos disputavam a vaga do partido na disputa pela Presidência da República. De acordo com Carta Capital, Ribeiro Jr. confirmou à PF ter pago 12 mil reais pelas quebras, todas financiadas por O Estado de Minas.