Sem categoria
Na GloboNews

Haddad: questão socioambiental vai ser a grande marca do governo

Ministro apresentou o novo Plano de Transição Ecológica, afirmou que a aprovação da reforma tributária terá efeitos positivos imediatos e disse esperar que o Brasil tenha deixado para trás a época de baixo crescimento

Diogo Zacarias/Fazenda
Diogo Zacarias/Fazenda
Haddad apresentou o desenho de "um novo Brasil" e ainda deu uma palhinha de Beatles

São Paulo – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse em entrevista ao podcast ‘O Assunto’, da GloboNews, nesta segunda-feira (10), que a reforma tributária, o Marco Fiscal e o Plano de Transição Ecológica representam o desenho de “um novo Brasil”. O ministro revelou otimismo com as ações do governo implementadas até agora. Nesse sentido, afirmou que se a eleição fosse hoje, o presidente Luiz Inácio Lula ganharia com uma “margem maior”.

Sobre a mais nova proposta – o Plano de Transição Ecológica – Haddad disse que a apresentou ao presidente Lula na última sexta-feira (7), em reunião de mais de duas horas. Trata-se, segundo ele, de um “conjunto de oportunidades para promover essa transição e gerar empregos de ponta.” Ele acredita que esta proposta “pode ser a grande marca” do governo.

“Se tudo se desdobrar como espero, penso que a questão socioambiental vai ser a grande marca do governo. Eu senti da parte dele (Lula) um entusiasmo muito grande”, relatou o Haddad. De acordo com o ministro, o plano prevê “mais de 100 ações em quatro anos”. Entre elas, estarão leis, como a de regulação do mercado de carbono, que será enviada ao Congresso em agosto, “até a infraestrutura legal que desburocratiza investimentos verdes”.

Reforma tributária

Em primeiro lugar, Haddad celebrou a aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados. Saudou “a volta da política com P maiúsculo”, ao comentar o entendimento cordial que estabeleceu com o presidente da Câmara, Arthur Lira, que foi crucial na aprovação dessa e de outras medidas. Além disso, revelou que deve se encontrar amanhã com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A intenção é agilizar a votação da reforma também no Senado.

“Nós temos que concluir a tramitação da PEC no Senado, mas nós não vamos aguardar o final da tramitação para mandar para o Senado a segunda fase da reforma”, explica. Esta “segunda fase” deve tratar de mudanças na tributação da renda e do patrimônio. A primeira focou na simplificação dos impostos sobre o consumo.

Segundo ele, apesar de ser um projeto de longo prazo, os efeitos econômicos da reforma tributária podem ser mais imediatos. Ele destacou que a proposta melhora a cobrança de impostos no país, o que representa uma “mudança de sinal” na atração de investimentos. “Do ponto de vista de decisão de investimento começa agora. Muita gente vai olhar para o Brasil e dizer ‘agora dá para confiar nesse país'”.

Para o ministro, a aprovação desses projetos tem como objetivo estabilizar a economia brasileira para que ocorra o crescimento. Ele afirmou que o Brasil não pode mais crescer apenas 1% ao ano, como ocorreu na última década.

“Foi uma década trágica na história brasileira. De 2013 a 2022, foram 10 anos que vão marcar a nossa história e são anos que vão ensejar muitos estudos para saber o que de fato aconteceu. Espero que essa década tenha ficado para trás e que 2023 inaugure um novo ciclo”, diz.

Foto com Tarcísio

Ainda no âmbito da reforma tributária, Haddad comentou os bastidores da foto com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). A aproximação com Tarcísio provocou a ira do ex-presidente Jair Bolsonaro, que ficou praticamente isolado na oposição contra a reforma.

O ministro relatou que mantém boa relação com o governador paulista, desde quando se enfrentaram nas últimas eleições. Já a tal falada foto surgiu após apararem arestas a respeito do funcionamento do Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais, que consta na proposta. E disse que não se preocupou com a reação do ex-presidente. “Na verdade o país que deve estar preocupado com ele, não eu em saber o que ele vai achar de uma foto ao lado do governador de São Paulo… Nem passa pela minha cabeça o Bolsonaro”, conta.

Juros, críticos e Beatles

Polido, Haddad reiterou que não tem problemas pessoais com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. “Não gosto de fulanizar, não tenho problema pessoal com ninguém”. Em vez de se queixar, ele disse que leva argumentos técnicos. Ainda assim, revelou preocupação com a manutenção da taxa básica de juros no atual patamar de 13,75%. “O próprio mercado financeiro está preocupado com a questão do crédito no Brasil. Ninguém quer a volta da inflação, mas isso não está no horizonte do Brasil”.

O ministro também ressaltou que a aprovação das propostas do governo, somadas à melhora nos principais indicadores econômicos, fizeram reduzir às críticas ao seu trabalho. Ele disse que reduziram tanto o “fogo amigo” quanto o “inimigo”. “Tinha muita gente na chamada Faria Lima que falava ‘o Haddad não dá pra ser ministro da Economia’. Ou não acompanhou o meu trabalho na prefeitura, ou no ministério da Economia ou não acompanhou o que eu escrevi na vida toda”, rebateu.

Ainda durante a entrevista, Haddad tocou um trecho da música Blackbird, dos Beatles. Ele dedilhou uma parte da canção no violão, mas disse ter dificuldades para tocar em público. “Eu fico muito atrapalhado”.