Ato falho

GSI enviou e-mails com detalhes de viagens de Lula a Mauro Cid, braço direito de Bolsonaro

Segundo o ‘Metrópoles’, o tenente Osmar Crivelatti, da ajudância de ordens de Bolsonaro, recebeu até julho os e-mails do GSI com informações “sensíveis” de viagens de Lula

Alan Santos/PR
Alan Santos/PR
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São Paulo – Já sob o atual governo, a Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), enviou e-mails com informações, em detalhes, de viagens e eventos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ninguém menos do que o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. Ele foi preso no início de maio, acusado de fraudar cartões de vacinação. É investigado também por suspeita de organizar tentativa de golpe.

A informação foi divulgada primeiro pelo portal Metrópoles. Segundo a publicação, e-mails funcionais de Cid enviados à CPMI do 8 de Janeiro revelaram que o ex-braço direito de Bolsonaro recebeu documentos com tarja de “urgentíssimos” sobre quatro viagens e três eventos de Lula, dentro e fora do país. Neles havia informações como data e horário da reunião de preparação, do reconhecimento do local e da visita do escalão avançado de Lula, incluindo nome e celular do coordenador da segurança.

Detalhes de segurança

Os e-mails foram enviados a Cid de 6 a 13 de março de 2023. Continham detalhes “sensíveis” de segurança dos eventos oficiais de Lula em Pequim e Xangai, na China; Foz do Iguaçu (PR); Boa Vista (RR); e três eventos em Brasília, todos de março e abril. Nas viagens à China, o detalhamento chegava aos horários de decolagem dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

As mensagens partiram de três militares que trabalharam no GSI de Bolsonaro: Márcio Alex da Silva, Dione Jefferson Freire e Rogério Dias Souza, e foram encontradas na lixeira das contas de e-mail.

Segundo a CPMI, auxiliares de Bolsonaro e ex-funcionários da Ajudância de Ordens de sua gestão apagaram pelo menos 17 mil e-mails funcionais da caixa de entrada, mas boa parte dos e-mails ainda estava na pasta da lixeira das contas.

Foi o caso dos e-mails encontrados nas contas da Ajudância de Ordens, cujos membros não apagaram as mensagens definitivamente e assim permitiram involuntariamente que a Polícia Federal e a CPMI acessassem o material. Os e-mails em que Mauro Cid tentava negociar um relógio Rolex foram encontrados na lixeira do seu endereço eletrônico.

Falha persistiu até julho

O tenente Osmar Crivelatti, que era da ajudância de ordens de Bolsonaro e considerado braço-direito de Mauro Cid, recebeu até julho os e-mails do GSI com informações “sensíveis” sobre as viagens nacionais e internacionais de Lula. Crivelatti é atualmente assessor de Bolsonaro.

Segundo ainda o Metrópoles, Crivelatti permaneceu na lista de transmissão que o GSI usa para informar os detalhes relacionados aos eventos oficiais de Lula.

De acordo com o UOL, o ministro do GSI, general Marcos Antônio Amaro dos Santos, confirmou que Cid recebeu os e-mails e será aberta uma sindicância para apurar o fato.

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