Vazamento

Ex-ministro do GSI presta depoimento à PF e nega omissão em atos golpistas

General Gonçalves Dias disse que depoimento foi “excelente” e negou qualquer responsabilidade, “seja omissiva ou comissiva”, em relação aos atos de 8 de janeiro

Divulgação/GSI
Divulgação/GSI
Depoimento foi oportunidade de esclarecer fatos explorados pela imprensa, disse ex-ministro

São Paulo – O general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, prestou depoimento nesta sexta-feira (21) à Polícia Federal (PF), em Brasília. Ele chegou à sede da corporação por volta das 9h, entrou pela garagem e não deu declarações. A oitiva terminou por volta das 13h30.

Ao final, GDias – como é conhecido – declarou à imprensa que o depoimento foi “excelente” e disse que “confia na Justiça”. Ele negou qualquer responsabilidade, “seja omissiva ou comissiva”, em relação aos atos golpistas de 8 de janeiro. “O comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa”, afirmou o ex-ministro à TV Globo.

O ex-chefe do GSI pediu demissão um dia após a CNN Brasil divulgar imagens que mostram o então ministro circulando entre os invasores, no Palácio do Planalto. Ele reagiu, acusando a emissora de editar as imagens, com o intuito de prejudicá-lo, sugerindo uma espécie de complacência do GDias em relação aos criminosos. O ministro disse que, na verdade, foi até o Palácio para retirar os bolsonaristas.

“Colaram a minha imagem àquele major distribuindo água aos manifestantes…”, declarou anteriormente à GloboNews. “Fizeram um corte específico na produção dos vídeos que vocês olharam. Aquilo é absurdo para minha imagem. Tenho 44 anos de profissão no Exército brasileiro. Sempre pautei minha vida nos valores éticos e morais. Meu maior presente é a honra. Não sei onde vazou.”

Outros militares envolvidos

Além da edição suspeita, a CNN Brasil borrou os rostos dos outros militares que aparecem nas imagens durante a invasão. Nesse sentido, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que mandou colher o depoimento do ex-ministro, também determinou que os investigadores identifiquem todos os funcionários do GSI que aparecem nas imagens.

O militar que aparece dando água aos criminosos já foi identificado. Trata-se do capitão do Exército José Eduardo Natale de Paula Pereira, responsável pela segurança do palácio no dia da invasão. Ele foi nomeado pelo ex-ministro Augusto Heleno, que comandou o GSI durante o governo Bolsonaro. Além disso, ele era próximo do ex-vice-presidente Hamilton Mourão. Naquele momento, GDias ainda trabalhava com a equipe do GSI indicada pelo governo anterior.