Escândalo das joias

Ex-funcionário do governo Bolsonaro encarregado do setor de presentes é alvo da PF

Polícia Federal mira Marcelo Vieira, em ação nesta sexta-feira, em investigação das tentativas de Jair Bolsonaro de reaver as joias sauditas

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Pressão sobre servidores para “liberar” as joias se deu às vésperas de Bolsonaro viajar para os Estados Unidos, antes mesmo do final de seu mandato

São Paulo – O coronel Marcelo da Silva Vieira foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta sexta-feira (12), por supostas tentativas de Jair Bolsonaro de reaver as joias sauditas. O agentes apreenderam o celular de Vieira, chefe de gabinete adjunto de Documentação Histórica da Presidência no mandato do ex-presidente. Sua atribuição era avaliar se os itens que chegavam eram presentes pessoais ou se deveriam ser encaminhados ao acervo da União.

Vieira ocupou a função de 2017, no governo de Michel Temer, até janeiro de 2023, quando foi exonerado, já no início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bolsonaro na linha

Em depoimento à PF no mês passado, ele relatou que Bolsonaro participou de uma ligação com seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, que está preso, para tentar reaver as joias enviadas pela Arábia Saudita. O ex-presidente pediu, segundo ele, que Cid e Vieira assinassem um ofício para a liberação do estojo com as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões. O conjunto foi apreendido na alfândega do aeroporto de Guarulhos.

Segundo a TV Globo, Vieira prometeu entregar o celular para a perícia, mas não cumpriu a promessa. A PF recorreu à Justiça para obter o aparelho, o que foi negado pela primeira instância em Guarulhos. Mas o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), em recurso, autorizou a busca.

A pressão sobre os servidores para “liberar” as joias se deu às vésperas de Bolsonaro viajar para Orlando, na Florida. Envolveu o gabinete do então presidente e o então chefe da Receita Federal, Júlio César Vieira Gomes.

Negociação informal

Em seu relato à PF, Vieira teria dito que Cid lhe pediu para assinar um ofício para ser enviado à Receita solicitando a incorporação, pela Presidência, dos bens aprendidos. A “negociação” teria sido feita informalmente, por WhatsApp.

Segundo Vieira disse à PF, na ligação feita em viva-voz, ele explicou a Cid e Bolsonaro que o gabinete que chefiava é responsável apenas pela classificação e registro dos presentes. E não pode solicitar bens.

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