Confirma

Estudo de Oxford e UFPE reforça que não houve fraude nas urnas em 2018

Ao contrário do que repete Bolsonaro, mais um estudo comprova segurança e inviolabilidade do processo eleitoral brasileiro. “Foi a primeira vez em que um candidato vencedor alegou suspeição do processo”

Alan Santos / Fotos Públicas
Alan Santos / Fotos Públicas
Ao contrário do que diz Bolsonaro, as análises confirmam os estudos realizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que já garantiram a segurança das urnas eletrônicas

São Paulo – Pesquisa de pós-doutorado de um grupo de estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realizada na Universidade de Oxford, no Reino Unido, traz nova comprovação de que não houve fraude nas eleições de 2018. No estudo, foram aplicados métodos forenses que já constataram indícios de fraude em eleições de países como Uganda e Rússia. O trabalho foi publicado na revista internacional Forense Science International: Synergy.

As análises confirmam todas as análises já feitas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Todas concluíram pela absouta segurança das urnas eletrônicas brasileiras e que não houve irregularidades nem nas eleições de 2018 e em nenhum de todos os pleitos anteriores.

A justificativa para a realização do novo levantamento foi a sequência de ataques do presidente Jair Bolsonaro contra o sistema eleitoral. “Foi a primeira vez em que um candidato vencedor alegou suspeição do processo que regulou sua própria vitória”, ressaltam os cientistas.

O grupo lembrou que “as dúvidas quanto à integridade das apurações costumam ser feitas, exclusivamente, pelos candidatos derrotados”. O estudo cita o caso de Aécio Neves (PSDB), que em 2014 não aceitou a vitória de Dilma Rousseff (PT) e questionou o resultado até judicialmente. Em sua indignação, inclusive, articulou durante todo o segundo mandato da presidenta contra seu governo.

Resultados robustos

Sobre 2018, os pesquisadores reafirmam que “os resultados da distribuição dos votos para os três candidatos mais bem colocados, Bolsonaro, Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT), estão em conformidade com as análises. Também encontramos parâmetros normais que indicam a ausência de irregularidades (…) Os resultados são robustos em diferentes níveis de análise de dados agregados (estações de votações e municípios)”.

As análises foram aplicadas a partir de diferentes técnicas forenses. “A aplicação de testes focados em parâmetros digitais, técnicas baseadas em regressão e padrões de distribuição dos votos compartilhados forneceram um método mais confiável para que pudéssemos encontrar anomalias. Ao reavaliar os softwares, também não encontramos evidências de fraudes em 2018 no Brasil. Esses resultados evoluem nosso entendimento sobre ferramentas forenses de estatísticas e podem ser facilmente replicados em casos futuros”, explicam.

Acima da média

O estudo ainda revela que a porcentagem de urnas com fragilidade nos dados foi 0,05%. O número é inferior a eleições de todo o mundo. Inclusive os dados das eleições no Canadá, em 2021, utilizadas como parâmetro de segurança. Em entrevista para a BBC, o coordenador do Programa de pós-graduação em Ciência Política da UFPE, Dalson Figueiredo, disse que os estudos já estão programados para apurar o pleito deste ano. “Já montamos os códigos para, na noite da apuração, rodar tudo de novo para 2022. Se os resultados forem similares aos de 2018, teremos uma evidência robusta de que a contagem foi íntegra e que não houve nenhuma distorção significativa.”